quarta-feira, julho 04, 2012
007: License to Clip
007: License to Clip
By André Silva
Chateia-me à brava ver o detective
Horatio Caine no CSI. O senhor resolve todos os crimes ao tirar os
óculos escuros e faz questão de nunca afiambrar nenhuma das miúdas
giras que apanha. No fim de cada episódio faz aquele discurso moralista
de que o crime não compensa. Pelo menos não o compensa a ele, grande
parvalhão. Só falta dar uma palmada no rabo de um dos rapazes da equipa,
dizendo “Vá, vamos para casa, grandalhão. Deixa lá ver se te consigo
embebedar para comemorarmos esta vitória como deve ser”. Enfim,
lamentável.
Por isso é que sempre fui fã do James
Bond, um homem à séria, sempre prontinho a misturar negócios e prazer. E
o agente secreto português, como seria ele? Foi pois com grande
expectativa que acompanhei o caso das secretas, estava a salivar por
saber tudo sobre a realidade portuguesa.
A imagem que tinha do passado da
espionagem em Portugal era a do luxo e o romantismo da Cascais e
Estorilem plena Segunda GuerraMundial. Toda uma atmosfera de glamour
no bar do Casino, trocas de olhares sedutores no meio de uma nuvem de
tabaco, ao som de um piano de cauda. Uma coisa com pinta. Mas os tempos
mudaram e eu estava à espera que o espião português tivesse um arsenal
de gadgets à “007”, lasers disparados de botões de punho, raios
de invisibilidade ou mesmo uma panela de pressão miniaturizada para
fazer um cozidinho à portuguesa sem chamar a atenção dos guardas. Ora,
que técnica seria adoptada por Silva Carvalho, o mais famoso espião
português? O clipping, nem mais. O clipping consiste
basicamente em gravar o conteúdos de sites da Internet e fazer recortes
de jornais e revistas, sendo que esta segunda variante só está ao
alcance de operacionais mais especializados, com jeito para os trabalhos
manuais. Esta vertente mais tradicional e aparentada à collage
é praticada por adolescentes em Portugal desde a chegada da revista
“Bravo” até aos nossos dias. As jovens dedicam-se a encaixar
meticulosamente a cara das suas estrelas preferidas em tudo quanto é
caderno e dossiê e devo dizer que aquilo tem alguma ciência. Outra
vertente do clipping é a praticada pelos serial killers. Qualquer serial killer
que se preze tem sempre uma parede da casa forrada com uma colecção
muito organizadinha com recortes de jornais em que aparece a futura
vítima, tudo sublinhado com marcadores fluorescentes e arrumado por
datas, o que prova que são pessoas muito metódicas e organizadas. Lá por
um indivíduo gostar de dançar em cima das entranhas de outro, não quer
dizer que tenha de ser desmazelado.
Tudo isto para salientar que o recurso ao clipping
por parte de Silva Carvalho só abona a seu favor, sugerindo que se
trata de uma pessoa extremamente metódica. Para mim, que estou habituado
a ver praticar o clipping das unhas nos comboios da linha de
Sintra, esta vertente é um refrescante salto civilizacional. O leitor
poderia assumir, com alguma legitimidade, que este texto se dedicaria a
gozar com a figura de Silva Carvalho e da respectiva barraca que
rebentou em torno das secretas portuguesas. Puro engano. Isto é, eu
estava realmente a pensar fazer pouco da situação, mas isso foi só até
ter lido que o senhor, conhecido como “Tarzan Taborda das secretas”,
pesa a simpática quantia de 100 kgs, mede 1,90 metros e é um apaixonado
pelas artes marciais. A liberdade de expressão é uma coisa que é para se
usar, mas com jeitinho. Sou parvo, mas não sou estúpido.
Em primeiro lugar, a questão do
perfil público no Facebook. O senhor utiliza a página pessoal do
facebook para falar da família e fazer reflexões filosóficas sobre a
vida, tendo sido gozado pelas referências ao “Panda do Kung Fu”. Acho
mal, pois estes filmes de desenhos animados transmitem preciosas lições
de vida sobre coragem e amizade, que é importante e recomendável
partilhar com o mundo. Na verdade, ainda hoje não consigo conter uma
lágrimazita sempre que ouço os primeiros acordes de “Hakuna Matata”.
Por outro lado, o pormenor pouco
relevante de ter sido apanhado com centenas de SMScom informação
sensível. Estou solidário, porque uma vez perdi um telemóvel onde tinha
gravado uns vídeos caseiros com animais, e fiquei revoltado por ninguém
ter acreditado que eram clips promocionais para entregar à União
Zoófila.
Uma questão que me preocupou bastante
foi o facto de Silva Carvalho guardar ficheiros detalhados com a
orientação sexual de muita gente. Fiquei aflito, pois se vier a público a
minha heterossexualidade, ainda para mais profundamente enraizada, bem
posso dizer adeus à minha carreira no meio artístico.
Para terminar deixo alguns conselhos para todos os portugueses que estejam a pensar enveredar pela carreira de agente secreto:
- Tirem o curso de encriptação de dados
da Planeta Agostini, que explica detalhadamente como cifrar mensagens
através da técnica da escrita com “x”, para ninguém conxeguir dexifrar o
voxo código xecreto
- Tenham sempre à mão uma pen USB, pois
dá um jeitão para roubar informação à pressa de um computador,
permitindo igualmente guardar fotos das férias com a sogra em Armação de
Pêra
- Não colocar na porta do frigorífico listagens de agentes duplos, ao lado das mercearias em falta
Se seguirem estas dicas, vai tudo correr bem.
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"That´s castiço!"
Chegou-me às mãos a novíssima edição do guia de viagens “Lonely Planet”, dedicada às festividades do Santo António”, nas respectivas versões em inglês e português. Ficam já com um exemplar em primeira mão, é daquelas coisas que dá sempre jeito.
WHERE TO EAT
Sardine is Santo António´s typical dish, which you will find in every “tasca” (typical restaurant). We highly recommend the experience, so that you can taste the real flavour of the Santo António festivities. Every “tasca” strictly respects the most demanding hygiene standards, according to EU regulation. Although we recommend the “castiça” (fun and popular) experience of drawing something on a wall with your own urine (Portuguese tradition) you can freely ask to use any restaurant bathroom, even if you don´t buy anything. The restaurant staff will welcome you with arms wide open and a cheering smile, telling you something like “Queres mejar, vai mejar pá estrada!!”, which means “Oh please, do feel free to use our restroom!!”.
COMES & BEBES
No Santo António come-se sardinha, e é
para quem quer. Vocês, cámones, venham cá com mariquices perguntar se
não há mais nada, levam logo com um “Não gostas, come m#$&! e volta
prá tua terra!”. Na noite de Santo António vai encontrar sardinhas a
assar em qualquer antro, por mais tascoso que seja. Especificamente em
relação ao tascoso, não se arme em donzela esquisita com a limpeza, pois
tem sorte se lhe calhar o copo lavado da noite. Sorte não, digamos
antes que lhe saiu o primeiro prémio do Euromilhões. Come e cala. Outra
coisa importante: se está a pensar que entra num café só para ir à casa
de banho, é melhor pensar duas vezes. Primeiro, aquilo manda um smell
a mijo que até dói. Segundo, se ousar pedir para usar a casa de banho
sem consumir, o mais certo é apanhar com um “Queres mejar, vai mejar pá
estrada!!”
…
THE MUSIC
Wherever you may roam during Santo António night, in every
corner of Lisbon you will surely listen to portuguese folk singer Quim
Barreiros´s classic songs about food, like “Chupa, Teresa!” or “Quero
cheirar teu bacalhau”. It´s also quite “castiço”. Other songs talk about
the fragrances ofLisbon, though strangely only few refer to the intense
typical scent of urine in dark alleys.
ANIMAÇÃO MUSICAL
No Santo António, em qualquer cantinho de
Lisboa vai ouvir o Quim Barreiros fazer trocadilhos sobre sexo oral e
afins. Boa música, bem castiço. Mau, mau é ter de gramar oitocentas
vezes com “Cheira bem, cheira a Lisboa”, frequentemente remixes manhosos
com batida à carrinho de choque.
…
WHERE TO SLEEPThough Lisbon has several five star hotels, you will find lots of people sleeping over their own vomit after passing out. It´s traditional and also quite “castiço”. Word of advice, if you hear someone saying “Ai que eu vou ao grego!!” you should stand back.
Regra geral, a malta adormece onde calhar, frequentemente em cima do próprio vómito depois de desmaiar. Os mais esquisitinhos trazem uma esfregona e uma esteira de casa, mas são situações residuais.
…
SANTO ANTÓNIO BRIDES
The “Noivas de Santo António” is a
collective wedding, sponsored by the municipality. There you will find
only incredibly beautiful women, and may wonder if they were all hand
picked by a modelling agency.
NOIVAS DE SANTO ANTÓNIO
Em relação às Noivas de Santo António,
trata-se de um casamento colectivo patrocinado pela Câmara, em que as
noivas apresentam geralmente uma beleza e porte muito próprios,
remetendo vagamente para os quadros de Rubens. Aconselhável apenas a
quem é dado a emoções fortes.
…
“MARCHAS”
The “Marchas de Lisboa” is a very
famous parade held in Avenida da Liberdade, one of the most famous
streets of Lisbon, representing several areas of the city. Though men
are dressed in a very colourful and peculiar way, do not try to make
any connection with other sort of parade, it is not wise to not make any
remarks about the manliness of the costume. If they hear any comment,
they will come to you and politely propose you to keep an open mind on
the subject.
MARCHAS
As Marchas representam os bairros de
Lisboa, desfilando pela Avenida da Liberdade, uma das mais famosas
vielas da cidade. Atenção: cuidado com as comparações com outro tipo de
desfiles mais alternativos, pois é capaz de correr mal. Lá por um homem
estar vestido de lilás brilhante, isso não quer dizer nada, e é bem
provável que qualquer observação sobre a sua masculinidade descambe numa
malha de porrada.
…
LANGUAGE
In Portugal almost everyone is
fluent in three languages, due to the effective schooling system.
Anyway, during Santo António, no matter what you ask, all you will hear
in reply is people shouting loudly about the affection for their
neighbourhood, things like “A Bica é liiiiiiiinda!” (The Coffee is
beautiful!).
IDIOMA
Apesar de o português ser falado
(frequentemente de forma deficiente) pela maior parte dos nativos, é
pouco relevante o idioma usado, pois nessa noite o teor das conversas
reduz-se a um “A Bica é liiiiiiiinda!”.
…
So relax and enjoy the Santo António holiday!
Muita atenção e cuidado com a carteira.
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Dois abacaxis e uma sandes mista
Link para o texto original em aristocratas.wordpress.com
Entre (Pessoa de Bem)
Empresa “O Trabalho Libertar-te-á” (designação universal), com sede na Av.xxx, n.º x, em xx, capital social no montante de xxx Euros, pessoa colectiva n.º xx, matriculada na C.R.C. de xx, sob o n.º xx, neste acto representada pelo seu sócio-gerente (doravante denominado “Patrão” ou “Mein Fuhrer”, como Primeira Outorgante,
E
“Zéquinha” ou “Ó tu!!” (designação pela qual vai ser conhecido o trabalhador), residente em “Barraca com telhado de zinco ao virar da esquina” (designação universal de morada), como Segunda Outorgante, é de acordo com a moral e os bons costumes, firmado e reduzido a escrito o presente contrato de trabalho, que se regerá segundo as cláusulas seguintes:
Cláusula primeira: A Primeira Outorgante dá-se ao incómodo de admitir a Segunda ao seu serviço para lhe prestar as actividades correspondentes às da categoria que lhe der na real gana. Adicionalmente a Segunda Outorgante terá de se dedicar a funções complementares de meretrício em favor da Primeira, sempre que para tal for solicitada. E preferencialmente com mais trabalho e menos barulho.
Cláusula segunda: O presente contrato não está sujeito a termo, certo ou incerto, é naturalmente conforme a Primeira Outorgante achar melhor.
Cláusula terceira: Como remuneração ajustada entre a Primeira e a Segunda Outorgantes, pagará a Primeira à Segunda, mensalmente, a quantia de dois abacaxis (ilíquida), acrescida de uma sandes mista, componente variável a auferir em caso de bom comportamento e aplicável apenas se o neto do Sócio-gerente comer a sopa toda.
Cláusula quarta: A actividade da Segunda Outorgante será prestada na Plantação (designação universal) da Primeira Outorgante, de segunda a quando for preciso, com o período normal de trabalho de 15 horas diárias, mas isso é coisa que depois logo se vê melhor.
Cláusula quinta: A Segunda Outorgante tem direito a um período de férias remuneradas, nos seguintes termos:
a) no ano da contratação, e após seis meses completos de execução do contrato, de 2 dias úteis, por cada mês de duração do contrato, até ao máximo de 20 dias úteis, que poderá gozar até 30 de Junho do ano subsequente, caso o termo do ano civil sobrevenha antes de decorridos os seis meses ou antes de gozado o direito a férias, desde que daí não resulte um período de férias no mesmo ano civil superior a 30 dias úteis, sem prejuízo do disposto no CCT;
b) nos restantes anos, a um período anual de férias de 22 dias úteis de férias, que se vencerá no dia 1 de Janeiro de cada ano, que poderá ser aumentado no caso de o trabalhador não ter faltado ou na eventualidade de ter apenas faltas justificadas, no ano a que as férias se reportam, nos seguintes termos
a. 3 dias de férias – até ao máximo de 1 falta ou 2 meios dias;
b. 2 dias de férias, até ao máximo de 2 faltas ou 4 meios dias;
c. 1 dia de férias, até ao máximo de 3 faltas ou 6 meios dias.
c) Caso, por qualquer motivo não se chegue a concretizar a duração de seis meses, 2 dias úteis por cada mês completo de duração do contrato, que serão gozados no momento imediatamente anterior ao da cessação.
Cláusula sexta: A cláusula quinta era só para reinar, evidentemente.
Cláusula sétima: O presente contrato fica sujeito a um período experimental de 15 anos, no decurso do qual a Primeira Outorgante poderá pôr livremente termo ao contrato sem necessidade de aviso prévio nem de invocação de justa causa, estando apenas obrigada a dizer “Ahahahahahahaha!!!” ou “Já foste!!”
Cláusula oitava: Este contrato é feito em duas vias, destinando-se uma à Primeira Outorgante e outra à Segunda.
Cláusula nona: Os eventuais conflitos serão resolvidos pelo Capataz da Plantação, devendo para o facto munir-se de um chicote, que deverá estar em local visível, devidamente sinalizado e etiquetado, segundo o previsto na norma ISO 50001, parágrafo relativo à administração de castigos corporais.
______________________________________
Primeira Outorgante (assinatura obrigatoriamente precedida de “Magnânima Excelência”)
“NÃO SABE ASSINAR, POBRE DIABO COM CERTEZA QUE NUNCA FOI À ESCOLA”
(designação universal a aplicar como assinatura da Segunda Outorgante)
(para mais conteúdos humorísticos novos todos os dias, visitem a nossa página de facebook em
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No âmbito do pedido de
ajuda à Troika, chegou-nos em primeira mão a minuta do contrato de
trabalho universal, a aplicar em Portugal, já a partir de amanhã.
Contrato de trabalho
Entre (Pessoa de Bem)
Empresa “O Trabalho Libertar-te-á” (designação universal), com sede na Av.xxx, n.º x, em xx, capital social no montante de xxx Euros, pessoa colectiva n.º xx, matriculada na C.R.C. de xx, sob o n.º xx, neste acto representada pelo seu sócio-gerente (doravante denominado “Patrão” ou “Mein Fuhrer”, como Primeira Outorgante,
E
“Zéquinha” ou “Ó tu!!” (designação pela qual vai ser conhecido o trabalhador), residente em “Barraca com telhado de zinco ao virar da esquina” (designação universal de morada), como Segunda Outorgante, é de acordo com a moral e os bons costumes, firmado e reduzido a escrito o presente contrato de trabalho, que se regerá segundo as cláusulas seguintes:
Cláusula primeira: A Primeira Outorgante dá-se ao incómodo de admitir a Segunda ao seu serviço para lhe prestar as actividades correspondentes às da categoria que lhe der na real gana. Adicionalmente a Segunda Outorgante terá de se dedicar a funções complementares de meretrício em favor da Primeira, sempre que para tal for solicitada. E preferencialmente com mais trabalho e menos barulho.
Cláusula segunda: O presente contrato não está sujeito a termo, certo ou incerto, é naturalmente conforme a Primeira Outorgante achar melhor.
Cláusula terceira: Como remuneração ajustada entre a Primeira e a Segunda Outorgantes, pagará a Primeira à Segunda, mensalmente, a quantia de dois abacaxis (ilíquida), acrescida de uma sandes mista, componente variável a auferir em caso de bom comportamento e aplicável apenas se o neto do Sócio-gerente comer a sopa toda.
Cláusula quarta: A actividade da Segunda Outorgante será prestada na Plantação (designação universal) da Primeira Outorgante, de segunda a quando for preciso, com o período normal de trabalho de 15 horas diárias, mas isso é coisa que depois logo se vê melhor.
Cláusula quinta: A Segunda Outorgante tem direito a um período de férias remuneradas, nos seguintes termos:
a) no ano da contratação, e após seis meses completos de execução do contrato, de 2 dias úteis, por cada mês de duração do contrato, até ao máximo de 20 dias úteis, que poderá gozar até 30 de Junho do ano subsequente, caso o termo do ano civil sobrevenha antes de decorridos os seis meses ou antes de gozado o direito a férias, desde que daí não resulte um período de férias no mesmo ano civil superior a 30 dias úteis, sem prejuízo do disposto no CCT;
b) nos restantes anos, a um período anual de férias de 22 dias úteis de férias, que se vencerá no dia 1 de Janeiro de cada ano, que poderá ser aumentado no caso de o trabalhador não ter faltado ou na eventualidade de ter apenas faltas justificadas, no ano a que as férias se reportam, nos seguintes termos
a. 3 dias de férias – até ao máximo de 1 falta ou 2 meios dias;
b. 2 dias de férias, até ao máximo de 2 faltas ou 4 meios dias;
c. 1 dia de férias, até ao máximo de 3 faltas ou 6 meios dias.
c) Caso, por qualquer motivo não se chegue a concretizar a duração de seis meses, 2 dias úteis por cada mês completo de duração do contrato, que serão gozados no momento imediatamente anterior ao da cessação.
Cláusula sexta: A cláusula quinta era só para reinar, evidentemente.
Cláusula sétima: O presente contrato fica sujeito a um período experimental de 15 anos, no decurso do qual a Primeira Outorgante poderá pôr livremente termo ao contrato sem necessidade de aviso prévio nem de invocação de justa causa, estando apenas obrigada a dizer “Ahahahahahahaha!!!” ou “Já foste!!”
Cláusula oitava: Este contrato é feito em duas vias, destinando-se uma à Primeira Outorgante e outra à Segunda.
Cláusula nona: Os eventuais conflitos serão resolvidos pelo Capataz da Plantação, devendo para o facto munir-se de um chicote, que deverá estar em local visível, devidamente sinalizado e etiquetado, segundo o previsto na norma ISO 50001, parágrafo relativo à administração de castigos corporais.
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Primeira Outorgante (assinatura obrigatoriamente precedida de “Magnânima Excelência”)
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Na boca do Adamastor
Link para a fonte do texto em aristocratas.wordpress.com
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O dia começou por um urgente e
necessário corte de cabelo, pois a mata que tinha na cabeça estava
prestes a ser incluída na paisagem protegida do Parque Natural
Sintra-Cascais. Como que um aperitivo da noite que estava para vir, o
tipo que me cortou o cabelo tinha madeixas e as sobrancelhas mais
arranjadinhas que a secção de frescos de um hipermercado, antes da
abertura de portas. Depois de ver no encerramento das Festas de Lisboa
um Milton Nascimento que dava ares a uma Whoopi Goldberg enfrascada,
estava mentalmente mais apetrechado para a aventura que aí vinha: a
incursão no “Arraial Pride” no Terreiro do Paço.
No passado fim de semana adicionei um
“Epá, no sábado não posso, vou a um arraial gay” à minha lista de
afirmações altamente improváveis. Nem mais, um arraial gay. Por esta
altura alguns dos meus leitores estão a pensar “Nunca me enganaste, seu
panxxxxx do carxxxx!!! Sempre achei muito estranho esses teus três CD
do Michael Bublé”. Os outros limitam-se a bocejar e encolher os ombros.
Acompanhado da restante comitiva (um
casal straight, que seguia à minha frente a fazer o papel dos escudos
do Corpo de Intervenção) lá parti para a Baixa com o espírito de quem
há cinco séculos zarpou para as Descobertas. Não sei se é muito feliz
da minha parte, associar a ideia de “Descobertas” a um evento deste
género, mas tudo bem. Senti um nó apertado na garganta, tal como os
nossos antepassados a caminho do temível Adamastor. Na mente de ambos,
tanto da minha como da dos intrépidos marinheiros, o receio do
desconhecido, o medo angustiante de que “quem vai não volta”. Estava a
sentir na pele um desconforto visceral tão antigo como o ser humano,
que surge perante cobras, aranhas, ou tipos com maneirismos exagerados
que adoram fazer comprinhas.
Quando chegámos, já passava da meia
noite, senti-me tão à vontade como Jean Marie Le Pen num acampamento
cigano. Ou talvez um bocadinho menos. Mas lá fui e tenho de dizer que
fiquei um bocado desiludido. Estava a espera de acção tipo Sodoma vs
Gomorra e sai-me uma espécie de versão hardcore do Festival
Panda. Como em qualquer arraial havia barraquinhas de comes&bebes e
jogos tradicionais, como o clássico de tentar acertar com uma bola numa
vagina gigante. Lá vi algum saltarico de pluma e lantejoula, duas ou
três dominatrixes e um punhado de travecas. Nada de especial, quem
nunca quis experimentar uns saltos altos, que atire a primeira pedra.
Ok, havia alguns matulões da musculação em cuecas. E depois? Fazem o
mesmo no wrestling e aí já é considerado “normal”. O facto de
alguma rapaziada estar quase nua fez-me confusão porque a noite estava
muito fresca e aquela gente estava sujeita a apanhar um resfriado, ou
pior. Outro mito, o da ferrovia: fazem-se mais comboios na linha de
Sintra em dia de greve geral do que numa noite de arraial gay. Quanto à
grande atracção -DJ Nomi Ruiz, supostamente uma super vedeta
transgénero- a música era tão variada e entusiasmante como os pull overs num comício da JSD.
Dois rapazes cheios de calor (e com uma
camada de base que dava para rebocar o CCB) dedicavam-se
entusiasmadamente à promoção do site “Gaydar.pt”. Citando o mesmo, “O
melhor site gay de relacionamento para milhões de homens. Encontros,
buscas, chat… Com mais de 6 milhões de homens em mais de 140 países,
aqui tem tudo o que deseja, quando o deseja”. Ainda assim, com menos
putedo que o facebook.
Inesperadamente, o outro membro masculino da comitiva foi abordado com a entrega de um flyer relativo ao passatempo “A fotografia mais sexy deste verão”,
sendo-lhe sussurrado “Concorre” ao ouvido. Então e eu, que estava mesmo
ali ao lado? Não sou suficientemente bonito para entrar no passatempo,
é? Eu até tenho um Smart!!
Fui a correr atrás do rapaz a pedir-lhe satisfações, mas este fugiu com
medo, o grande mariconço. Nunca pensei, mas ficou uma pedrinha na alma
à conta daquele episódio traumatizante.
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terça-feira, abril 05, 2011
Tributo a "Xão & Costa"
(...)
Aqui fica a minha singela homenagem à Meca do pronto-a-vestir dos subúrbios, a Jerusalém dos "jogos de cama", senhoras e senhores: "São&Costa".
Na verdade, muito antes de sonhar sequer com o glamour próprio da Zara do Cascaishopping, aacontece que fui desde tenra idade peregrino do verdadeiro santuário do prêt-a-porter , essa enigmática Compostela dos textêis do Vale do Ave que é a nossa "São&Costa".
Mais do que um simples estabelecimento comercial, "São&Costa" é um estado de espírito. Resulta neste caso concreto que esse tal espírito se lembrou de incorporar uma simpática e patusca quitanda do têxtil, onde a minha santa mãezinha tratava de vestir os seus dois rebentos (quando era para comprar uma "coisa boa") sempre sob a supervisão atenta da dona da loja, a Dona São. Ou melhor,"Dona Xão", já que a xenhôra fala axim.
Estou a reportar-me aos tempos tenebrosos da roupa que não condizia, onde o rôxo dava bem com o verde e uma imaculada meia branca de renda ficava muito bem a qualquer criancinha em idade escolar. E quando não ficava bem, a mãe tratava de lhe explicar que ficava mesmo. Caso ela concordasse, ou não. Estávamos pois na Idade Média do vestuário, chamemos-lhe assim.
Sucede pois que a dona da loja tinha uma espécie de lema que saltava como uma mola, sempre que eu (ou o outro pouco afortunado irmão) experimentávamos uma pecita de roupa:
-"Ai, dona Xão, ichto beste tõe bem..." (a minha mãe também é São)
Invariavelmente, o comentário era este. Para aquela santa senhora, tanto fazia que se tratasse de uma camisa como um par de cuecas "à velha": qualquer trapinho ficava aquelas martirizadas crianças. E enquanto nos submetíamos à prova da indumentária, tratávamos de apreciar com o olhar encantado que é próprio da infância toda aquela profusão de infindáveis galerias de camisas verde/amarelo, calças bordeaux e roupa interior para homem e senhora. Que bonito, pensava eu na minha doce ingenuidade. No entanto, sempre torci o nariz às sinistras embalagens de roupa interior para homem, onde aparecia sempre um marmanjão a coçar os mamilos (ou pior...) numa pose pretensamente sexy, mas que só devia surtir efeito no meio de um chá das 5 na Opus Gay.
Mas o tempo não perdoa e, assim que começou a aparecer um dinheirito, a família foi lentamente votando o espartano estabelecimento ao abandono. A minha mãe ainda deixa escapar um certo saudosismo daquela roupa, mas essa é maleita que acho nem o tempo consegue curar. Aquilo parou no tempo, não renovaram os desenhos, as cores, os cortes. Está condenada a durar até ao fim da anterior geração, porque esta mija-se a rir ao ver a montra.
Mas se for para falar de paragens no tempo, teria que dedicar uma ode inteira aos "Armazéns Gatuxa", a loja onde se veste todo o marciano janota que se preze. Sim, porque aquela roupa não é deste mundo. Não pode.
Aqui fica a minha singela homenagem à Meca do pronto-a-vestir dos subúrbios, a Jerusalém dos "jogos de cama", senhoras e senhores: "São&Costa".
Na verdade, muito antes de sonhar sequer com o glamour próprio da Zara do Cascaishopping, aacontece que fui desde tenra idade peregrino do verdadeiro santuário do prêt-a-porter , essa enigmática Compostela dos textêis do Vale do Ave que é a nossa "São&Costa".
Mais do que um simples estabelecimento comercial, "São&Costa" é um estado de espírito. Resulta neste caso concreto que esse tal espírito se lembrou de incorporar uma simpática e patusca quitanda do têxtil, onde a minha santa mãezinha tratava de vestir os seus dois rebentos (quando era para comprar uma "coisa boa") sempre sob a supervisão atenta da dona da loja, a Dona São. Ou melhor,"Dona Xão", já que a xenhôra fala axim.
Estou a reportar-me aos tempos tenebrosos da roupa que não condizia, onde o rôxo dava bem com o verde e uma imaculada meia branca de renda ficava muito bem a qualquer criancinha em idade escolar. E quando não ficava bem, a mãe tratava de lhe explicar que ficava mesmo. Caso ela concordasse, ou não. Estávamos pois na Idade Média do vestuário, chamemos-lhe assim.
Sucede pois que a dona da loja tinha uma espécie de lema que saltava como uma mola, sempre que eu (ou o outro pouco afortunado irmão) experimentávamos uma pecita de roupa:
-"Ai, dona Xão, ichto beste tõe bem..." (a minha mãe também é São)
Invariavelmente, o comentário era este. Para aquela santa senhora, tanto fazia que se tratasse de uma camisa como um par de cuecas "à velha": qualquer trapinho ficava aquelas martirizadas crianças. E enquanto nos submetíamos à prova da indumentária, tratávamos de apreciar com o olhar encantado que é próprio da infância toda aquela profusão de infindáveis galerias de camisas verde/amarelo, calças bordeaux e roupa interior para homem e senhora. Que bonito, pensava eu na minha doce ingenuidade. No entanto, sempre torci o nariz às sinistras embalagens de roupa interior para homem, onde aparecia sempre um marmanjão a coçar os mamilos (ou pior...) numa pose pretensamente sexy, mas que só devia surtir efeito no meio de um chá das 5 na Opus Gay.
Mas o tempo não perdoa e, assim que começou a aparecer um dinheirito, a família foi lentamente votando o espartano estabelecimento ao abandono. A minha mãe ainda deixa escapar um certo saudosismo daquela roupa, mas essa é maleita que acho nem o tempo consegue curar. Aquilo parou no tempo, não renovaram os desenhos, as cores, os cortes. Está condenada a durar até ao fim da anterior geração, porque esta mija-se a rir ao ver a montra.
Mas se for para falar de paragens no tempo, teria que dedicar uma ode inteira aos "Armazéns Gatuxa", a loja onde se veste todo o marciano janota que se preze. Sim, porque aquela roupa não é deste mundo. Não pode.
quinta-feira, setembro 16, 2010
quarta-feira, setembro 15, 2010
TANTA CHAPADA NO DESEMPREGO...
A teoria da "mão invisível" de Adam Smith tem as suas limitações. Todos os dias acontece a cena do puto no supermercado, já com corpinho para ter juízo, a berrar desalmadamente porque a mamã não lhe comprou o pópó dos Gormitis. Uma boa parte dos clientes sustenta a procura de chapadas, enquanto outra parte está predisposta a suprir do lado da oferta. No entanto, tristemente, as curvas raramente se intersectam.
segunda-feira, setembro 06, 2010
OLHA A BOLA, JOSÉLITO...
(Adaptação da letra de “Fon fon fon”, dos Deolinda – casamento da Joana Pinto e Eduardo Ramos, 04/09/10)
Venho agora aqui contar-vos novidades do José
Um artista consagrado da Brandoa ao Sodré
Ele já tocou a flauta, pifarito e fagote
Ficou-se pela guitarra, não magoa a sua glote…
Refrão:
Olha a bola, Josélito
Vê se a tratas a preceito
Porque a bola, meu amigo
É para lidar com jeito
Não te falte engenho e arte para tarefa mais tamanha…
Esquece lá a redondinha e dedica-te à Joana
Certo Sábado em Nafarros não deixou muita saudade
Deu um tombo do catano, vítima da gravidade
Ficou joelho azilado, um semestre meio manco
Ele ficou baptizado como o “Mantorras branco”
Refrão:
Olha a bola, Josélito
Vê se a tratas a preceito
Porque a bola, meu amigo
É para lidar com jeito
Não te falte engenho e arte para tarefa mais tamanha…
Esquece lá a redondinha e dedica-te à Joana
O nosso amigo Eduardo estudou nos computadores
é um curso bem lixado para quem quer muitos amores...
Porque os "bites" e os "báites" não encantam as cachopas
Só compilam uns com os outros, é mais mangueira que a tropa
Refrão:
Olha a bola, Josélito
Vê se a tratas a preceito
Porque a bola, meu amigo
É para lidar com jeito
Não te falte engenho e arte para tarefa mais tamanha …
Esquece lá a redondinha e dedica-te à Joana
Tu não faças como o Nuno, prós azuis é a desgraça,
o sacana agarra a bola, finta, fussa e não passa…
Refrão:
Olha a bola, Josélito
Vê se a tratas a preceito
Porque a bola, meu amigo
É para lidar com jeito
Não te falte engenho e arte para tarefa mais tamanha …
Esquece lá a redondinha e dedica-te à Joana
Venho agora aqui contar-vos novidades do José
Um artista consagrado da Brandoa ao Sodré
Ele já tocou a flauta, pifarito e fagote
Ficou-se pela guitarra, não magoa a sua glote…
Refrão:
Olha a bola, Josélito
Vê se a tratas a preceito
Porque a bola, meu amigo
É para lidar com jeito
Não te falte engenho e arte para tarefa mais tamanha…
Esquece lá a redondinha e dedica-te à Joana
Certo Sábado em Nafarros não deixou muita saudade
Deu um tombo do catano, vítima da gravidade
Ficou joelho azilado, um semestre meio manco
Ele ficou baptizado como o “Mantorras branco”
Refrão:
Olha a bola, Josélito
Vê se a tratas a preceito
Porque a bola, meu amigo
É para lidar com jeito
Não te falte engenho e arte para tarefa mais tamanha…
Esquece lá a redondinha e dedica-te à Joana
O nosso amigo Eduardo estudou nos computadores
é um curso bem lixado para quem quer muitos amores...
Porque os "bites" e os "báites" não encantam as cachopas
Só compilam uns com os outros, é mais mangueira que a tropa
Refrão:
Olha a bola, Josélito
Vê se a tratas a preceito
Porque a bola, meu amigo
É para lidar com jeito
Não te falte engenho e arte para tarefa mais tamanha …
Esquece lá a redondinha e dedica-te à Joana
Tu não faças como o Nuno, prós azuis é a desgraça,
o sacana agarra a bola, finta, fussa e não passa…
Refrão:
Olha a bola, Josélito
Vê se a tratas a preceito
Porque a bola, meu amigo
É para lidar com jeito
Não te falte engenho e arte para tarefa mais tamanha …
Esquece lá a redondinha e dedica-te à Joana
sexta-feira, agosto 20, 2010
domingo, julho 11, 2010
LA PIOVRA
As minhas noites de Domingo vão passar ao domínio do surreal. Em vez do Rui Santos, vou passar a ter um polvo a explicar-me porque é que os resultados do Sporting são tão miseráveis.
"ATRÁS DE UMA BOLA"...
A petizada que se lembrou de esfrangalhar o sossego da minha tarde estival trouxe-me à memória uma outra campanha da Prevenção Rodoviária Portuguesa: "Atrás de uma bola vem sempre um puto chato".
Dia 5
Dia 5 da "Crónica de uma Sorte anunciada". A caminho do matadouro (vulgo ginásio de fisioterapia) dei comigo a trautear "Rehab", da Amy Winehouse: "They tried to make me go to rehab I said no, no, no"... o cérebro é uma coisa engraçada, realmente.
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