quarta-feira, julho 04, 2012

Cooking...

15.240.280 pessoas têm interesse em "Cooking". Andei à procura, e, estranhamente, nem todas as necessidades básicas têm a sua própria página.

007: License to Clip

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007: License to Clip

Chateia-me à brava ver o detective Horatio Caine no CSI. O senhor resolve todos os crimes ao tirar os óculos escuros e faz questão de nunca afiambrar  nenhuma das miúdas giras que apanha. No fim de cada episódio faz aquele discurso moralista de que o crime não compensa. Pelo menos não o compensa a ele, grande parvalhão. Só falta dar uma palmada no rabo de um dos rapazes da equipa, dizendo “Vá, vamos para casa, grandalhão. Deixa lá ver se te consigo embebedar para comemorarmos esta vitória como deve ser”. Enfim, lamentável.

Por isso é que sempre fui fã do James Bond, um homem à séria, sempre prontinho a misturar negócios e prazer. E o agente secreto português, como seria ele?  Foi pois com grande expectativa que acompanhei o caso das secretas, estava a salivar por saber tudo sobre a realidade portuguesa.

A imagem que tinha do passado da espionagem em Portugal era a do luxo e o romantismo da Cascais e Estorilem plena Segunda GuerraMundial. Toda uma atmosfera de glamour  no bar do Casino, trocas de olhares sedutores no meio de uma nuvem de tabaco, ao som de um piano de cauda. Uma coisa com pinta. Mas os tempos mudaram e eu estava à espera que o espião português tivesse um arsenal de gadgets à “007”, lasers disparados de botões de punho, raios de invisibilidade ou mesmo uma panela de pressão miniaturizada para fazer um cozidinho à portuguesa sem chamar a atenção dos guardas. Ora, que técnica seria adoptada por Silva Carvalho, o mais famoso espião português? O clipping, nem mais. O clipping consiste basicamente em gravar o conteúdos de sites da Internet e fazer recortes de jornais e revistas, sendo que esta segunda variante só está ao alcance de operacionais mais especializados, com jeito para os trabalhos manuais. Esta vertente mais tradicional e aparentada à collage é praticada por adolescentes em Portugal desde a chegada da revista “Bravo” até aos nossos dias. As jovens dedicam-se a encaixar meticulosamente a cara das suas estrelas preferidas em tudo quanto é caderno e dossiê e devo dizer que aquilo tem alguma ciência. Outra vertente do clipping é a praticada pelos serial killers. Qualquer  serial killer que se preze tem sempre uma parede da casa forrada com uma colecção muito organizadinha com recortes de jornais em que aparece a futura vítima, tudo sublinhado com marcadores fluorescentes e arrumado por datas, o que prova que são pessoas muito metódicas e organizadas. Lá por um indivíduo gostar de dançar em cima das entranhas de outro, não quer dizer que tenha de ser desmazelado.

Tudo isto para salientar que o recurso ao clipping por parte de Silva Carvalho só abona a seu favor, sugerindo que se trata de uma pessoa extremamente metódica. Para mim, que estou habituado a ver praticar o clipping das unhas nos  comboios da linha de Sintra, esta vertente é um refrescante salto civilizacional. O leitor poderia assumir, com alguma legitimidade, que este texto se dedicaria a gozar com a figura de Silva Carvalho e da respectiva barraca que rebentou em torno das secretas portuguesas. Puro engano. Isto é, eu estava realmente a pensar fazer pouco da situação, mas isso foi só até ter lido que o senhor, conhecido como “Tarzan Taborda das secretas”, pesa a simpática quantia de 100 kgs, mede 1,90 metros e é um apaixonado pelas artes marciais. A liberdade de expressão é uma coisa que é para se usar, mas com jeitinho. Sou parvo, mas não sou estúpido.

Em primeiro lugar, a questão do perfil público no Facebook. O senhor utiliza a página pessoal do facebook para falar da família e fazer reflexões filosóficas sobre a vida, tendo sido gozado pelas referências ao “Panda do Kung Fu”. Acho mal, pois estes filmes de desenhos animados transmitem preciosas lições de vida sobre coragem e amizade, que é importante e recomendável partilhar com o mundo. Na verdade, ainda hoje não consigo conter uma lágrimazita sempre que ouço os primeiros acordes de “Hakuna Matata”.

Por outro lado, o pormenor pouco relevante de ter sido apanhado com centenas de SMScom informação sensível. Estou solidário, porque uma vez perdi um telemóvel onde tinha gravado uns vídeos caseiros com animais, e fiquei revoltado por ninguém ter acreditado que eram clips promocionais para entregar à União Zoófila.

Uma questão que me preocupou bastante foi o facto de Silva Carvalho guardar ficheiros detalhados com a orientação sexual de muita gente. Fiquei aflito, pois se vier a público a minha heterossexualidade, ainda para mais profundamente enraizada, bem posso dizer adeus à minha carreira no meio artístico.

Para terminar deixo alguns conselhos para todos os portugueses que estejam a pensar enveredar pela carreira de agente secreto:
-  Tirem o curso de encriptação de dados da Planeta Agostini, que explica detalhadamente como cifrar mensagens através da técnica da escrita com “x”, para ninguém conxeguir dexifrar o voxo código xecreto
- Tenham sempre à mão uma pen USB, pois dá um jeitão para roubar informação à pressa de um computador, permitindo igualmente guardar fotos das férias com a sogra em Armação de Pêra
- Não colocar na porta do frigorífico listagens de agentes duplos, ao lado das  mercearias em falta


Se seguirem estas dicas, vai tudo correr bem.

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"That´s castiço!"







Chegou-me às mãos a novíssima edição do guia de viagens “Lonely Planet”, dedicada às festividades do Santo António”, nas respectivas versões em inglês e português. Ficam já com um exemplar em primeira mão, é daquelas coisas que dá sempre jeito.
WHERE TO EAT
 Sardine is Santo António´s typical dish, which you will find in every “tasca” (typical restaurant). We highly recommend the experience, so that you can taste the real flavour of the Santo António festivities. Every “tasca” strictly respects the most demanding hygiene standards, according to EU regulation. Although we recommend the “castiça” (fun and popular) experience of drawing something on a wall with your own urine (Portuguese tradition) you can freely ask to use any restaurant bathroom, even if you don´t buy anything. The restaurant staff will welcome you with arms wide open and a cheering smile, telling you something like “Queres mejar, vai mejar pá estrada!!”, which means “Oh please, do feel free to use our restroom!!”.
COMES & BEBES
No Santo António come-se sardinha, e é para quem quer. Vocês, cámones, venham cá com mariquices perguntar se não há mais nada, levam logo com um “Não gostas, come m#$&! e volta prá tua terra!”. Na noite de Santo António vai encontrar sardinhas a assar em qualquer antro, por mais tascoso que seja. Especificamente em relação ao tascoso, não se arme em donzela esquisita com a limpeza, pois tem sorte se lhe calhar o copo lavado da noite. Sorte não, digamos antes que lhe saiu o primeiro prémio do Euromilhões. Come e cala. Outra coisa importante: se está a pensar que entra num café só para ir à casa de banho, é melhor pensar duas vezes. Primeiro, aquilo manda um smell a mijo que até dói. Segundo, se ousar pedir para usar a casa de banho sem consumir, o mais certo é apanhar com um  “Queres mejar, vai mejar pá estrada!!”
                                                                                                        …
 THE MUSIC
 Wherever you may roam during Santo António night, in every corner of Lisbon you will surely listen to portuguese folk singer Quim Barreiros´s classic songs about food, like “Chupa, Teresa!” or “Quero cheirar teu bacalhau”. It´s also quite “castiço”. Other songs talk about the fragrances ofLisbon, though strangely only few refer to the intense typical scent of urine in dark alleys.
ANIMAÇÃO MUSICAL
No Santo António, em qualquer cantinho de Lisboa vai ouvir o Quim Barreiros fazer trocadilhos sobre sexo oral e afins. Boa música, bem castiço. Mau, mau é ter de gramar oitocentas vezes com “Cheira bem, cheira a Lisboa”, frequentemente remixes manhosos com batida à carrinho de choque.
   …
WHERE TO SLEEP
 Though Lisbon has several five star hotels, you  will find lots of people sleeping over their own vomit after passing out.  It´s traditional and also quite “castiço”. Word of advice, if you hear someone saying “Ai que eu vou ao grego!!” you should stand back.

ONDE DORMIR
Regra geral, a malta adormece onde calhar, frequentemente em cima do próprio vómito depois de desmaiar. Os mais esquisitinhos trazem uma esfregona e uma esteira de casa, mas são situações residuais.
   …
SANTO ANTÓNIO BRIDES
The “Noivas de Santo António” is a collective wedding, sponsored by the municipality. There you will find only incredibly beautiful women, and may wonder  if they were all hand picked by a modelling agency.
NOIVAS DE SANTO ANTÓNIO
 Em relação às Noivas de Santo António, trata-se de um casamento colectivo patrocinado pela Câmara, em que as noivas apresentam geralmente uma beleza e porte muito próprios, remetendo vagamente para os quadros de Rubens. Aconselhável apenas a quem é dado a emoções fortes.
 …
“MARCHAS”
 The “Marchas de Lisboa” is a very famous parade held in Avenida da Liberdade, one of the most famous streets of Lisbon, representing several areas of the city. Though men are dressed in a very colourful and peculiar way,  do not try to make any connection with other sort of parade, it is not wise to not make any remarks about the manliness of the costume. If they hear any comment, they will come to you and politely propose you to keep an open mind on the subject.
MARCHAS
 As Marchas representam os bairros de Lisboa, desfilando pela Avenida da Liberdade, uma das mais famosas vielas da cidade. Atenção: cuidado com as comparações com outro tipo de desfiles mais alternativos,  pois é capaz de correr mal. Lá por um homem estar vestido de lilás brilhante, isso não quer dizer nada, e é bem provável que qualquer observação sobre a sua masculinidade descambe numa malha de porrada.
  …
LANGUAGE
 In Portugal almost everyone is fluent in three languages, due to the effective schooling system. Anyway, during Santo António, no matter what you ask,  all you will hear in reply is people shouting loudly about the affection for their neighbourhood, things like “A Bica é liiiiiiiinda!” (The Coffee is beautiful!). 
IDIOMA
 Apesar de o português ser falado (frequentemente de forma deficiente) pela maior parte dos nativos, é pouco relevante o idioma usado, pois nessa noite o teor das conversas reduz-se a um “A Bica é liiiiiiiinda!”.
So relax and enjoy the Santo António holiday!
Muita atenção e cuidado com a carteira.


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Dois abacaxis e uma sandes mista

 Link para o texto original em aristocratas.wordpress.com






No âmbito do pedido de ajuda à Troika, chegou-nos em primeira mão a minuta do contrato de trabalho universal, a aplicar em Portugal, já a partir de amanhã.


Contrato de trabalho


Entre (Pessoa de Bem)
Empresa “O Trabalho Libertar-te-á” (designação universal), com sede na Av.xxx, n.º x, em xx, capital social no montante de xxx Euros, pessoa colectiva n.º xx, matriculada na C.R.C. de xx, sob o n.º xx, neste acto representada pelo seu sócio-gerente (doravante denominado “Patrão” ou  “Mein Fuhrer”, como Primeira Outorgante,
E
 “Zéquinha”  ou “Ó tu!!” (designação pela qual vai ser conhecido o trabalhador), residente  em Barraca com telhado de zinco ao virar da esquina”  (designação universal de morada), como Segunda Outorgante,  é de acordo com a moral e os bons costumes,  firmado e reduzido a escrito o presente  contrato de trabalho, que se regerá segundo as cláusulas seguintes:

Cláusula primeira: A Primeira Outorgante dá-se ao incómodo de admitir a Segunda ao seu serviço para lhe prestar as actividades  correspondentes às da categoria que lhe der na real gana. Adicionalmente a Segunda Outorgante terá de se dedicar a funções complementares de meretrício em favor da Primeira, sempre que para tal for solicitada. E preferencialmente com mais trabalho e menos barulho.
Cláusula segunda: O presente contrato não está sujeito a termo, certo ou incerto, é naturalmente conforme a Primeira Outorgante achar melhor.

Cláusula terceira: Como remuneração ajustada entre a Primeira e a Segunda Outorgantes, pagará a Primeira à Segunda, mensalmente, a quantia de dois abacaxis  (ilíquida), acrescida de uma sandes mista, componente  variável a auferir em caso de bom comportamento e aplicável apenas se o neto  do Sócio-gerente comer a sopa toda.

Cláusula quarta: A actividade da Segunda Outorgante será prestada na Plantação (designação universal) da Primeira Outorgante, de segunda a quando for preciso, com o período normal de trabalho de  15 horas diárias, mas isso é coisa que depois logo se vê melhor.

Cláusula quinta: A Segunda Outorgante tem direito a um período de férias remuneradas, nos seguintes termos:
a)  no ano da contratação, e após seis meses completos de execução do contrato, de  2 dias úteis, por cada mês de duração do contrato, até ao máximo de 20 dias úteis, que poderá gozar até 30 de Junho do ano subsequente, caso o termo do ano civil sobrevenha antes de decorridos os seis meses ou antes de gozado o direito a férias, desde que daí não resulte um período de férias no mesmo ano civil superior a 30 dias úteis, sem prejuízo do disposto no CCT;
b) nos restantes anos, a um período anual de férias de 22 dias úteis de férias, que se vencerá no dia 1 de Janeiro de cada ano, que poderá ser aumentado no caso de o trabalhador não ter faltado ou na eventualidade de ter apenas faltas justificadas, no ano a que as férias se reportam, nos seguintes termos
a.  3 dias de férias – até ao máximo de 1 falta ou 2 meios dias;
b.  2 dias de férias, até ao máximo de 2  faltas ou 4 meios dias;
c.  1 dia de férias, até ao máximo de 3 faltas ou 6 meios dias.
c) Caso, por qualquer motivo não se chegue a concretizar a duração de seis meses, 2 dias úteis por cada mês completo de duração do contrato, que serão gozados no momento imediatamente anterior ao da cessação.

Cláusula sexta: A cláusula quinta era só para reinar, evidentemente.

Cláusula sétima:  O presente contrato fica sujeito a um período experimental de 15 anos, no decurso do qual a Primeira Outorgante poderá pôr livremente termo ao contrato sem necessidade de aviso prévio nem de invocação de justa causa, estando apenas obrigada a dizer “Ahahahahahahaha!!!” ou “Já foste!!”

Cláusula oitava: Este contrato é feito em duas vias, destinando-se uma à Primeira Outorgante e outra à Segunda.
Cláusula nona: Os eventuais conflitos serão resolvidos pelo Capataz da Plantação, devendo para o facto munir-se de um chicote, que deverá estar em local visível, devidamente sinalizado e etiquetado, segundo o previsto na norma ISO 50001, parágrafo relativo à administração de castigos corporais.


______________________________________
Primeira Outorgante (assinatura obrigatoriamente precedida de “Magnânima Excelência”)


“NÃO SABE ASSINAR, POBRE DIABO COM CERTEZA QUE NUNCA FOI  À ESCOLA”
(designação universal a aplicar como assinatura da Segunda Outorgante)

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Na boca do Adamastor

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O dia começou por um urgente e necessário corte de cabelo, pois a mata que tinha na cabeça estava prestes a ser incluída na paisagem protegida do Parque Natural Sintra-Cascais. Como que um aperitivo da noite que estava para vir, o tipo que me cortou o cabelo tinha madeixas e as sobrancelhas mais arranjadinhas que a secção de frescos de um hipermercado, antes da abertura de portas. Depois de ver no encerramento das Festas de Lisboa um Milton Nascimento que dava ares a uma Whoopi Goldberg enfrascada, estava mentalmente mais apetrechado para a aventura que aí vinha: a incursão no “Arraial Pride” no Terreiro do Paço.



No passado fim de semana adicionei um “Epá, no sábado não posso, vou a um arraial gay” à minha lista de afirmações altamente improváveis. Nem mais, um arraial gay. Por esta altura alguns dos meus leitores estão a pensar “Nunca me enganaste, seu panxxxxx do carxxxx!!! Sempre achei muito estranho esses teus três CD do Michael Bublé”. Os outros limitam-se a bocejar e encolher os ombros.



Acompanhado da restante comitiva (um casal straight, que seguia à minha frente a fazer o papel dos escudos do Corpo de Intervenção) lá parti para a Baixa com o espírito de quem há cinco séculos zarpou para as Descobertas. Não sei se é muito feliz da minha parte, associar a ideia de “Descobertas” a um evento deste género, mas tudo bem. Senti um nó apertado na garganta, tal como os nossos antepassados a caminho do temível Adamastor. Na mente de ambos, tanto da minha como da dos intrépidos marinheiros, o receio do desconhecido, o medo angustiante de que “quem vai não volta”. Estava a sentir na pele um desconforto visceral tão antigo como o ser humano, que surge perante cobras, aranhas, ou tipos com maneirismos exagerados que adoram fazer comprinhas.
Quando chegámos, já passava da meia noite, senti-me tão à vontade como Jean Marie Le Pen num acampamento cigano. Ou talvez um bocadinho menos. Mas lá fui e tenho de dizer que fiquei um bocado  desiludido. Estava a espera de acção tipo Sodoma vs Gomorra e sai-me uma espécie de versão hardcore do Festival Panda. Como em qualquer arraial havia barraquinhas de comes&bebes e jogos tradicionais, como o clássico de tentar acertar com uma bola numa vagina gigante. Lá vi algum saltarico de pluma e lantejoula, duas ou três dominatrixes e um punhado de travecas. Nada de especial, quem nunca quis experimentar uns saltos altos, que atire a primeira pedra. Ok, havia alguns matulões da musculação em cuecas. E depois? Fazem o mesmo no wrestling e aí já é considerado “normal”. O facto de alguma rapaziada estar quase nua fez-me confusão porque a noite estava muito fresca e aquela gente estava sujeita a apanhar um resfriado, ou pior. Outro mito, o da ferrovia: fazem-se mais comboios na linha de Sintra em dia de greve geral do que numa noite de arraial gay. Quanto à grande atracção -DJ Nomi Ruiz, supostamente uma super vedeta transgénero- a música era tão variada e entusiasmante como os pull overs num comício da JSD.


Dois rapazes cheios de calor (e com uma camada de base que dava para rebocar o CCB) dedicavam-se entusiasmadamente à promoção do site “Gaydar.pt”. Citando o mesmo, “O melhor site gay de relacionamento para milhões de homens. Encontros, buscas, chat… Com mais de 6 milhões de homens em mais de 140 países, aqui tem tudo o que deseja, quando o deseja”. Ainda assim, com menos putedo que o facebook.

 

Inesperadamente, o outro membro masculino da comitiva foi abordado com a entrega de um flyer relativo ao passatempo “A fotografia mais sexy deste verão”, sendo-lhe sussurrado “Concorre” ao ouvido. Então e eu, que estava mesmo ali ao lado? Não sou suficientemente bonito para entrar no passatempo, é? Eu até tenho um Smart!!   Fui a correr atrás do rapaz a pedir-lhe satisfações, mas este fugiu com medo, o grande mariconço. Nunca pensei, mas ficou uma pedrinha na alma à conta daquele episódio traumatizante.


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terça-feira, abril 05, 2011

Tributo a "Xão & Costa"

(...)
Aqui fica a minha singela homenagem à Meca do pronto-a-vestir dos subúrbios, a Jerusalém dos "jogos de cama", senhoras e senhores: "São&Costa".
Na verdade, muito antes de sonhar sequer com o glamour próprio da Zara do Cascaishopping, aacontece que fui desde tenra idade peregrino do verdadeiro santuário do prêt-a-porter , essa enigmática Compostela dos textêis do Vale do Ave que é a nossa "São&Costa".
Mais do que um simples estabelecimento comercial, "São&Costa" é um estado de espírito. Resulta neste caso concreto que esse tal espírito se lembrou de incorporar uma simpática e patusca quitanda do têxtil, onde a minha santa mãezinha tratava de vestir os seus dois rebentos (quando era para comprar uma "coisa boa") sempre sob a supervisão atenta da dona da loja, a Dona São. Ou melhor,"Dona Xão", já que a xenhôra fala axim.
Estou a reportar-me aos tempos tenebrosos da roupa que não condizia, onde o rôxo dava bem com o verde e uma imaculada meia branca de renda ficava muito bem a qualquer criancinha em idade escolar. E quando não ficava bem, a mãe tratava de lhe explicar que ficava mesmo. Caso ela concordasse, ou não. Estávamos pois na Idade Média do vestuário, chamemos-lhe assim.
Sucede pois que a dona da loja tinha uma espécie de lema que saltava como uma mola, sempre que eu (ou o outro pouco afortunado irmão) experimentávamos uma pecita de roupa:

-"Ai, dona Xão, ichto beste tõe bem..." (a minha mãe também é São)

Invariavelmente, o comentário era este. Para aquela santa senhora, tanto fazia que se tratasse de uma camisa como um par de cuecas "à velha": qualquer trapinho ficava aquelas martirizadas crianças. E enquanto nos submetíamos à prova da indumentária, tratávamos de apreciar com o olhar encantado que é próprio da infância toda aquela profusão de infindáveis galerias de camisas verde/amarelo, calças bordeaux e roupa interior para homem e senhora. Que bonito, pensava eu na minha doce ingenuidade. No entanto, sempre torci o nariz às sinistras embalagens de roupa interior para homem, onde aparecia sempre um marmanjão a coçar os mamilos (ou pior...) numa pose pretensamente sexy, mas que só devia surtir efeito no meio de um chá das 5 na Opus Gay.
Mas o tempo não perdoa e, assim que começou a aparecer um dinheirito, a família foi lentamente votando o espartano estabelecimento ao abandono. A minha mãe ainda deixa escapar um certo saudosismo daquela roupa, mas essa é maleita que acho nem o tempo consegue curar. Aquilo parou no tempo, não renovaram os desenhos, as cores, os cortes. Está condenada a durar até ao fim da anterior geração, porque esta mija-se a rir ao ver a montra.
Mas se for para falar de paragens no tempo, teria que dedicar uma ode inteira aos "Armazéns Gatuxa", a loja onde se veste todo o marciano janota que se preze. Sim, porque aquela roupa não é deste mundo. Não pode.

quarta-feira, setembro 15, 2010

TANTA CHAPADA NO DESEMPREGO...

A teoria da "mão invisível" de Adam Smith tem as suas limitações. Todos os dias acontece a cena do puto no supermercado, já com corpinho para ter juízo, a berrar desalmadamente porque a mamã não lhe comprou o pópó dos Gormitis. Uma boa parte dos clientes sustenta a procura de chapadas, enquanto outra parte está predisposta a suprir do lado da oferta. No entanto, tristemente, as curvas raramente se intersectam.

segunda-feira, setembro 06, 2010

OLHA A BOLA, JOSÉLITO...

(Adaptação da letra de “Fon fon fon”, dos Deolinda – casamento da Joana Pinto e Eduardo Ramos, 04/09/10)

Venho agora aqui contar-vos novidades do José
Um artista consagrado da Brandoa ao Sodré
Ele já tocou a flauta, pifarito e fagote
Ficou-se pela guitarra, não magoa a sua glote…

Refrão:
Olha a bola, Josélito
Vê se a tratas a preceito
Porque a bola, meu amigo
É para lidar com jeito
Não te falte engenho e arte para tarefa mais tamanha…
Esquece lá a redondinha e dedica-te à Joana

Certo Sábado em Nafarros não deixou muita saudade
Deu um tombo do catano, vítima da gravidade
Ficou joelho azilado, um semestre meio manco
Ele ficou baptizado como o “Mantorras branco”

Refrão:
Olha a bola, Josélito
Vê se a tratas a preceito
Porque a bola, meu amigo
É para lidar com jeito
Não te falte engenho e arte para tarefa mais tamanha…
Esquece lá a redondinha e dedica-te à Joana

O nosso amigo Eduardo estudou nos computadores
é um curso bem lixado para quem quer muitos amores...
Porque os "bites" e os "báites" não encantam as cachopas
Só compilam uns com os outros, é mais mangueira que a tropa

Refrão:
Olha a bola, Josélito
Vê se a tratas a preceito
Porque a bola, meu amigo
É para lidar com jeito
Não te falte engenho e arte para tarefa mais tamanha …
Esquece lá a redondinha e dedica-te à Joana


Tu não faças como o Nuno, prós azuis é a desgraça,
o sacana agarra a bola, finta, fussa e não passa…

Refrão:
Olha a bola, Josélito
Vê se a tratas a preceito
Porque a bola, meu amigo
É para lidar com jeito
Não te falte engenho e arte para tarefa mais tamanha …
Esquece lá a redondinha e dedica-te à Joana

domingo, julho 11, 2010

LA PIOVRA

As minhas noites de Domingo vão passar ao domínio do surreal. Em vez do Rui Santos, vou passar a ter um polvo a explicar-me porque é que os resultados do Sporting são tão miseráveis.

"ATRÁS DE UMA BOLA"...

A petizada que se lembrou de esfrangalhar o sossego da minha tarde estival trouxe-me à memória uma outra campanha da Prevenção Rodoviária Portuguesa: "Atrás de uma bola vem sempre um puto chato".

Dia 5

Dia 5 da "Crónica de uma Sorte anunciada". A caminho do matadouro (vulgo ginásio de fisioterapia) dei comigo a trautear "Rehab", da Amy Winehouse: "They tried to make me go to rehab I said no, no, no"... o cérebro é uma coisa engraçada, realmente.