sexta-feira, junho 25, 2004

UM CONTO DE NATAL

Antes de mais, peço desculpa pela minha prolongada ausência (leia-se balda de todo o tamanho), mas a minha caixa de plástico e silício lá de casa não anda muito cooperante com a minha vontade de postar. É a vida.
Hoje vim à escola e, claro está, aqui me desforro da menopausa que o meu paneleiro computador parece estar a atravessar. Adiante.
Que a Selecção tenha ganho e provocado uma explosão de euforia que nunca julgara possível, isso é qualquer coisa de espantoso. No entanto, muito além disso, ontem testemunhei um milagre.
É verdade, estimados ouvintes. Não desses milagres dos pães e dos peixes, mas uma coisinha mais à escala, embora não menos surpreendente. Sucede que tenho um vizinho cujo severo trombil faz lembrar aquele tipo que andava sempre à caça dos Estrumfes e que tinha um gato chamado Asrael, Gasganel ou...o raio que o parta. Não interessa.
Facto é que um cavalheiro que responde a um curriqueiro "boa tarde" com um grunhido ininteligível se dignou a (pasme-se) dirigir-me a palavra, dizendo qualquer coisa do género "-Isto hoje foi impróprio para cardíacos", não disfarçando um lapsus facial que me fez lembrar um sorriso, ou coisa muito parecida.
Veio para a rua mais o seu rebento, cada qual com seu cachecol. As velhotas aos pulos, a malta do bairro social a abanar os carros, o corpo de intervenção a malhar em dois foliões...enfim, uma festarola catita.
Menos positivo: um discípulo de Baco (aparece sempre um nestas ocasiões) que passou aí uma horita a vangloriar-se de possuir um apito oficial (ou uma merda qualquer do género) partilhando essa sua satisfação com os demais transeuntes, que estavam naturalmente muito interessados. Naturalmente.

Ó fado, saudade, vitórias morais e etc, vão apanhar caracóis.
Ontem vivi um conto de Natal, longe dessas tretas do Dickens.

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