sexta-feira, outubro 31, 2003

Passe de mágica...
Faz coisa de dois mil anos, um indivíduo muito particular destacou-se por caminhar sobre as águas, ressuscitar os mortos e transformar água em vinho com maior rapidez que as adegas cooperativas da zona de Torres Vedras. O novo miracle worker da praça é o excelentíssimo candidato da lista C (1) à presidência do Glorioso, o senhor Guerra Madaleno. Se o homem consegue sacar da cartola o Rivaldo, o Rui Costa, o Júnior, onde é que este "Messias da redondinha" irá parar? Dêem-lhe espaço de manobra e o "Mandrake das sobrancelhas hirsutas" vai conseguir tirar o Cruz da cadeia, esmagar o défice público e acabar com o temível flagelo da calvície masculina.
Perdoai-lhes, Senhor, eles não sabem o que dizem...

(1) eufemismo para "coitadinho do senhor, parece uma coruja com as sobrancelhas do Álvaro Cunhal"

terça-feira, outubro 28, 2003

Porque é que as caixas do Minipreço/Dia são todas feias?
(e outras reflexões avulsas sobre o ideário da beleza feminina-parte segunda)


Os mais famosos quadros impressionistas vêm carregados dessas "Vénus de 10 arrobas", susceptíveis de dar a volta à cabeça de qualquer cavalheiro de chapéu alto e aba de grilo, a passear pelas margens do Sena. Hoje em dia, se desse a volta a alguma coisa, só poderia ser mesmo ao estômago...As primeiras pin up´s poderiam ser chamadas de tudo, menos elegantes. E não me venham com a cantiga que a elegância é um estado de espírito, mais uma ou outra mentira piedosa, dessas que enchem as páginas das revistas femininas. Aqueles rabos estavam mesmo a pedir uma placa de veículo longo. (1)

Na onda do eufemismo lipidinoso, os termos "fofinha" e "forte" escondem, não raras vezes, realidades abomináveis. O conceito de "mulher fofinha" é vulgarmente geminado com o de "balança decimal". Como se duas gotas de água se tratasse.

Sex-symbols como a Rachel Welch, Rita Hayworth e a Marilyn vêm dar outra piada à coisa. A Brigitte Bardot também não esteve nada mal, diga-se. Agora já está acabadita e resolveu virar-se para os animaizinhos. Esperemos que não faça como aquela deputada italiana, que tem uma exótica apetência pela interacção com o reino animal...
(1) Esta constatação vai direitinha em homenagem à minha afilhada Ana Fernandes

quinta-feira, outubro 23, 2003

Porque é que as operadoras de caixa do Minipreço/Dia são todas feias?
(e outras reflexões avulsas e incoerentes sobre o ideário da beleza feminina-parte I)


O conceito de beleza feminina foi coisa que mudou com maior frequência que os governos na Itália do pós-guerra. Aquelas estatuetas da Vénus de Willendorf, Milo e afins sugerem que grandes (leia-se descomunais) suportes mamários estariam directamente associados à fertilidade feminina. O conceito de "boa anca parideira" (um must destas coisas que sobreviveu de forma infame até aos nossos dias) esteve também desde sempre associado a este ideal de mais eficiente propagação da espécie. "Gordura é formosura": quem é que foi o imbecil que inventou esta...Deve ser o mesmo que achou muy formosas as senhoras da bochecha rosadinha, com certeza.

O ideal renascentista levava ao colo a mulher anafadinha e...anafadinha???!!! Ai, até dói! Os eufemismos que se inventam para suavizar uma tão triste realidade... Qualquer nú renascentista (não me atrevo a chamar-lhe artístico, porque fere a minha sensibilidade estética) apresenta uma baleia desnudada com contornos vagamante humanos, como quem implora aos céus por uma piedosa mamoplastia redutora. E se não implora, devia ter a decência de o fazer...!!!
A provocação continua no próximo espisódio. Atreva-se a comentar, Alice medrosa...

sexta-feira, outubro 17, 2003

E SE UM DIA EU ESCREVESSE QUALQUER COISA SÉRIA...?

Tem piada, como é infinitamente mais fácil confidenciar certo tipo de coisas ao Mundo, do que a uma pessoa em particular. Umazinha. É tão simples abrir uma janela para a alma, sem quaisquer controlos aduaneiros, onde qualquer estranho pode entrar, conhecer, perscrutar, remexer, tudo nos domínios indefinidos do ciberespaço. Sem compromissos, de forma impessoal. Inócua. Como é conveniente e cómodo o refúgio na multidão, diluindo-se a força de palavras tão concretas e pesadas numa espécie de tímido e inofensivo infinitésimo. Qualquer um se pode dar ao luxo de o fazer.
Até eu.
Agora, interagir com alguém que está ali a dois passos, isso é muito mais complicado. Nada tão delicado como as relações humanas e as pessoas reais. Face a face, sem o escudo protector, a coisa fia muito mais fino.
Isto do escrever –seja a palhaçada do costume ou qualquer coisa um bocadinho mais séria- tem para mim qualquer coisa de profundamente libertador. Coisas do efeito exorcizador do teclado. Diz este gajo aqui em baixo...:

"Deste modo ou daquele modo,
Conforme calha ou não calha,
Podendo às vezes dizer o que penso,
E outras vezes dizendo-o mal e com misturas,
Vou escrevendo os meus versos sem querer,
Como se escrever não fosse uma coisa feita de gestos,
Como se escrever fosse uma coisa que me acontecesse
Como dar-me o sol de fora."

Poemas de Alberto Caeiro/Obras Completas de Fernando Pessoa

Hoje deu-me para isto, o que é que se há-de fazer...? Prometo que o Parque vai voltar à linha editorial do costume, dizendo mal de tudo e toda a gente. Catita. Aí, sim, já as engrenagens do Cosmos poderão voltar ao trilho do costume e tudo voltará a fazer sentido novamente. Como se quer, não é verdade?

Beijinhos e abraços para toda a imensa minoria que me lê, ouve e encara face a face...Toda.


terça-feira, outubro 14, 2003

É UMA TV PORTUGUESA, COM CERTEZA...
Hoje resolvi escrever uma letra, para terem qualquer coisa para trautear durante a tarde. A música original é aquela da "Casa Portuguesa". Silêncio, que se vai assassinar um fado...:


Letra: Minha Música: não m´alembra, tenho que ir ver

É uma TV portuguesa, é com certeza, é com certeza uma TV portuguesa

Numa casa portuguesa fica bem
Um serão frente à TV,
A gramar toda a miséria que lá vem
Como a merda do "BB"...
Fica bem, essa feliz programação,
Pró povo ficar contente.
É preciso é alegria,
Não perdoa a audiometria...
Venha share cá p´á gente!!

Refrão:
Já só falta uma novela, para fazer o quarteirão,
Mas as estopadas da Quatro são de longa duração...
Anda tudo em alvoroço, logo à noite há nomeação,
Quem quer saber dessa treta da saúde e habitação...?

É uma TV portuguesa, é com certeza, é com certeza uma TV portuguesa!!!

Já é tempo do jornal do TVI,
é uma hora de desgraça:
Cataclismos, assassínios e velhotas
Bem mais chatas que a potassa...
E o queixume da peixeira do Bolhão,
Que tem falta de dinheiro...?
Interpela o Presidente:
"É por demais evidente,
Eles querem é poleiro!!!!"

Refrão:
Subam todos para bordo da feliz composição
O Monchique é maquinista,
E o Herman, o vagão...
Como sinal de partida, dá o Fernando a "caralhada",
Quem se rala? O povo gosta...
Acha até muita piada...

É uma TV portuguesa, é com certeza, é com certeza uma TV portuguesa!!!

E "prontos", fico à espera dos comentários. No sítio do costume.

sábado, outubro 11, 2003

O meu irmão dedicou-me duas linhas de fraternal amizade no Guestbook. A beleza desta história dos artigos de opinião com direito a comentário é que qualquer criatura pode desancar alegremente o autor dos textos. Não me aborrece nada, pois quem vai à guerra acaba por comer, inevitavelmente duas ou três lambadas. Mesmo nestas alturas, não me arrependo minimamente de partilhar com o Mundo o que penso das coisas, quer sejam entendidas, ou não, como reflexões de gajo abichanado. Prefiro correr o risco da humilhação ao escrever certo tipo de coisas do que limitar-me a ser um mero -e passivo- treinador de bancada. Mil vezes a crítica -por mais mordaz que seja- do que a indiferença. Com essa, sim, tenho grande dificuldade em lidar.
Espero não ser interpretado como uma espécie de virgem ofendida, porque a ideia não é mesmo essa. Suponho que é mesmo verdade aquela ideia de que ninguém é grande profeta na sua terra. Ou neste caso concreto, em sua casa. As bocas são benvindas, sempre ajudam a elevar a fasquia e frear o ego.

Em todo o caso, isso de achar que alguém é paneleiro apenas por reflectir sobre certos fantasmas masculinos... Enfim, parece-me um bocadinho exagerado, no mínimo. Deve ser um desses complexos dos engenheiros enfezaditos, que comparam o comprimento das vigas quando vão urinar. E só sacodem três vezes, não vá estar alguém a contar...

quarta-feira, outubro 08, 2003

PENSO, LOGO EXISTO... Round IV e último

Se bem m´alembra, a grande parte (se não, totalidade) destas obras de arte publicitária que nos chega às mãos resulta simplesmente de meras dobragens do original em espanhol. Depois é só juntar água e o tuga que coma e cale. Quanto ao resultado final destas sinergias duvidosas, não sei se me apetece rir ou chorar. Vamos ver...

Acho delicioso aquele da tipa feoisa –saída certamente de um papel de prostituta de um filme do Almodovar- que surpreende uma jovem que vai a caminho da casa-de-banho com o dito artefacto na mão:

"- (...) Trouxe confettis... "-diz a aventesma escarlate para a jovem...

A tragédia, o drama, o horror...

"Ana, te gustas de Ausonia fina y segura?" foi outra pérola que fez escola, resultando num pesado fardo para todas as Anas portuguesas (1) a passar pela Primavera da Vida na altura... Depois havia também o outro do adorável cágadozinho com os dizeres "Estoy perdida" , sendo que a seguir ganham uma viagem ao México e...e... QUE MERDA É ESTA!!??? Desculpem lá o linguajar, mas às vezes é preciso chamar os nomes aos bois.

"Tanga Girls": mais um para a sanita. A jornalista está a apresentar o jornal e depois começa a bambolear o rabo que Deus lhe deu e começa tudo a dançar e...Enfim, há dias em que me sinto muito cansado. Muito cansado, mesmo.

Encontrei uma réstia de lucidez naquele anúncio em que o rapazito confessa limitar-se a comprar chocolates e dar mimos. E é tudo o que um gajo precisa de saber.

Um beijinho para a Cláudia Marina

(1) Não se queixem muito as Anas eventualmente visadas, porque eu tive que gramar com o "André Cajarana" (da novela "Pai Herói", onde contracenava o orangotango que dá pelo nome de Tony Ramos) durante os quatro anos do primeiro ciclo do ensino básico.

segunda-feira, outubro 06, 2003

Portugueses e portuguesas,

Passei de ano!!! É verdade!! Isto para vocês deve ser tão interessante como o espaço de direito de antena do Sindicato dos Trabalhadores dos Têxteis do Vale do Ave. Verdade seja dita, consigo viver perfeitamente com isso.
Não perca o épico desfecho da saga do "período" e derivados, num blogue perto de si.

sexta-feira, outubro 03, 2003

PENSO, LOGO EXISTO... Round III


Importa não esquecer um actor com papel principal nesta "Tragédia da Rua das Dores": a temida TPM (1) . Esta malfadada sigla faz tremer de pavor qualquer homem de barba rija. Isso de navegar para o tenebroso desconhecido, dar novos mundos ao mundo e etcs é coisa de amadores, comparado com o jogo de cintura que é preciso ter para com as senhoras nestas alturas. A minha excelsa pessoa já teve que lidar com crises agudas dessa maleita e, devo dizê-lo, não é pêra doce. Ah não, caro leitor!!

Mas a coisa não fica por aqui. Era bom, era. Na esteira deste proto-Adamastor segue esse outro mito nada menos melindroso: o penso higiénico. Quem são, para onde vão e para que servem? Na prática, trata-se apenas de mais uma dessas "coisas de gaja", a juntar ao lip gloss, ao cabelo escadeado e aos livros do rabeta do Paulo Coelho (2)

Posto isto, levantam-se uma ou duas questões que estão na base das mais agudas crises existenciais: Quem somos? Para onde vamos? Qu perfil de alma doentia opta pela Ginecologia? E, inevitavelmente, PORQUE É QUE OS ANÚNCIOS DOS PENSOS HIGIÉNICOS SÃO TÃO IMBECIS?!

(1) No papel, seria o acrónimo para "Tensão Pré-Menstrual"; na vida real, está muito mais próximo de "TÁS PARVA OU QUÊ, MIÚDA??!!!"

(2) Estou a pensar organizar uma caturríssima fogueira de Natal, onde todos podem contribuir com um livrito do Paulo Coelho ou da Margarida Rebelo Pinto, esses bibelots que vos ofereceram nos anos e que vão permanecer castos e intocados até ao fim das suas folhas. Quanto mais não seja, servirão para aquecer as mãos e os corações enregelados na quadra natalícia.


quinta-feira, outubro 02, 2003

PENSO, LOGO EXISTO... Round II

Boa noite, staff da padaria Primavera e demais morcegos dos subúrbios

A história já deve vir do tempo da Maria Caxuxa (1). Os primeiros Homens não se deviam sentir muito à vontade com a ciclicidade kantiana do inexplicável fenómeno, sendo mais um a juntar aos ritmos próprios das luas, marés, estrelas e demais manifestações místicas da Mãe-Natureza. (2)

Não devia ser propriamente dos assuntos mais populares à mesa do jantar…:

"-Môr, passa-me aí a pernita de mamute. Olha, veio-me o período"…Não havia necessidade, nas sábias palavras do Diácono Remédios.

Apesar do inegável desconforto causado pelo tema e da aura secretista em torno deste piqueno tabu, o chefe de família não devia perder muitas horas de sono a pensar nisso, com certeza. Teria uma ideia vaga sobre o assunto, sabendo que teria que recorrer aos serviços da Madame Gigi lá do burgo, durante essa infame fatia do mês em que a sua esposa se revelava particularmente intratável...

Está visto que a coisa sempre esteve mais ou menos enclausurada numa espécie de saudável "baú" de pudor. Pois é, esteve. Até ao dia em que a publicidade resolveu meter o dedo em -mais um (3)- território até então inexplorado, passando esses anúncios a horas impróprias, sendo que depois lá vêm as criancinhas fazer perguntas incómodas...

"-Ó pai, o que é que aquela menina tem na mão?"
"-Bem, aquilo é...digamos que...a tua mãe bem que podia já ter voltado do cabeleireiro!!!"...

Mas sobre isso me debruçarei com maior pormenor na próxima "postada".
Beijinhos e abraços

(1) Ou será "Cachucha"? Confesso que nunca percebi a origem desta expressão

(2)
Este sentimento de profundo respeito e deslumbramento perante os insondáveis desígnios da Natureza foi sendo gradualmente substituído por qualquer coisa do tipo: "EH, QUER DIZER QUE VOU TER QUE ´TAR UMA SEMANA INTERINHA SEM AFOGAR O PALHAÇO??!!"

(3) Ver blogada sobre a Astrologia

Baú