quarta-feira, dezembro 21, 2005

ON...QUÊ?

Graças à recente compra de casa, tenho-me tornado um frequentador assíduo de tudo o que é repartição pública. Horas e horas de filas, senhas e convívio com mulheres de meia-idade mal encaradas, genericamente falando.

Uma miséria.

Hoje, no entanto, nem me importei nada de faze
r a minha peregrinaçãozinha diária às Finanças. E porquê?

À entrada para esse purgatório dos contribuintes, calhou casualmente a escutar uma breve conversa entre dois cavalheiros na casa dos cinquenta, mais coisa, menos coisa. Importa reter a seguinte frase, citando fielmente um dos interlocutores:

" - (...) epá, o filme é mêmo bom, o Oncongue
! Aquele do macaco!"

"Oncongue"...? Será que ele queria dizer "Hong Kong"? De qualquer forma, desconfio que não apanhou bem a essência da coisa. A culpa é desses intelectuais de meia-tigela e das suas histórias cheias de complicação.

terça-feira, dezembro 20, 2005

O MELHOR DO MUNDO SÃO AS CRIANÇAS...

Tem lá paciência, mas o "Noddy" não passa de uma espécie de "Pinóquio" gayzola, ainda mais abichanado que o produto original. Desculpa, Gonçalo, mas alguém tinha que o dizer. Já agora, o Pai Natal não existe e a "Fada dos Dentes" não é mais que a senhora tua progenitora.

E pronto, caro leitor, acabei de ganhar um inimigo de estimação. Tem 2 anos e o resto da vida para me mandar para o c#$%&5$. Devo dizer que já o vai fazendo com alguma perfeição, não obstante as suas compreensíveis limitações de expressão.

Mas nestas coisas, como em tudo na vida, o que conta é a intenção.

sexta-feira, dezembro 16, 2005

PROIBIDO ESTACIONAR

As notícias que vieram ontem a lume sobre o "Gang dos Velhos" obrigaram-me a postar sobre a problemática dos septuagenários que estacionam ao lado das passadeiras. Podem não traficar armas, como os seus camaradas de Barcelos, mas há aqui matéria para caso de polícia.

O problema revelou-se em toda a sua amplitude um destes dias, quando já estava atrasado para o emprego.
Sucede que ali para os lados da Estefânia há um esquadrão de velhinhos que tem como missão ludibriar o incauto automobilista, fazendo-o crer que têm intenção de atravessar a passadeira. Mas não!?!?!?!?! Nunca!!!!!!
O modus operandi desta nefanda quadrilha tem o seu quê de turtuosa simplicidade:

#1 Trazer o "banquinho-à-peregrino" e a lancheira com a sandes de atum para o ponto "X"
#2 Abancar
#3 Esperar que a vítima abrande
#4 Acenar, com sorriso amistoso, e mandar prosseguir

OK, é um facto que eles não se sentam literalmente ao lado das passadeiras; mas pouco falta!!!!!! Cá o imbecil vai progressivamente abrandando como quem diz: "Olha ali um inocente pedestre velhinho que pretende atravessar para o outro lado. Que ternura! Vou já calcar o pedal do travão, para aquela simpática criatura poder alcançar o outro lado da via em máxima segurança!"
Atenção, caros automobilistas!! É um engodo!!! Cuidado!! Um tipo abranda e quando chega ao local do crimel, a resposta é invariavelmente um aceno do género "Siga! Siga! Estou só aqui plantado na calçada a dar milho aos pombos. Não tenho a mínima intenção de atravessar. Que ideia foi essa, ó senhor condutor Siga, siga!!"

C&#$##$ dos velhos. Devia haver uma lei.

sábado, dezembro 10, 2005

SANGUE DO MEU SANGUE...

Isso do Dakar, Camel Trophy e outras paneleirices é coisa de meninos. Aventura em estado puro é arriscar uma incursão no centro Vasco da Gama num feriado, a meia dúzia de dias do Natal. Isso sim, é para homens de barba rija.
Pois é, tive a imbecil ideia de combinar um mitingue com os meus primos nessa bendita superfície comercial. Por razões que vão compreender mais à frente, vou-me abster de revelar os seus nomes.

O grupo excursionista estava atrasado, pelo que resolvi ir ao Continente comprar qualquer coisa para comer. Até nem havia fila (pasme-se!!) pelo que foi trigo limpo. Aprochego-me da caixa e quem me calha na "menos de 15 unidades" é um jovem aí para os sub-20, a quem a acne atacou sem dó nem piedade.

O (surreal) diálogo segue dentro de momentos. Espera...o surreal monólogo segue dentro de momentos:

(caixa maltratado pela acne) - "Vai desejar saco?"

(eu ) - "Não, obrigado."

(caixa maltratado pela acne) - "Isto hoje está cheio de gajas boas!! Esteve aí uma escola, era só modelos! Tão boas!! E um gajo que não pode sair daqui!!

(eu ) - "Pois...Então...boa sorte..."

E foi assim, sem tirar nem pôr. Não vale a pena inventar histórias e teorias para alimentar o blogue: basta sair à rua.

Mas o dia ainda estava longe de acabar. Ainda a digerir o insólito episódio, dirijo-me para o local combinado para o enternecedor encontro familiar. Sei de antemão que o meu primo "X" vem acompanhado da sua nova aquisição. Descobri depois que o termo "aquisição" não estava muito da verdade...

Vejo-os aproximar lentamente, como nos filmes americanos. À frente dos dois vinha uma jovem que dava ares de alternadeira, um ou dois metros mais adiante. Dava ares, não: dava aí um ciclone tropical anónimo, três "El Niño" e meia dúzia de "Katrinas", pelo menos. Nem liguei.

Estabeleço então contacto visual com a famíliam, que prontamente estuga o passo na minha direcção. Segue-se o rosário de ternuras e mimos entre familiares de longa data:

-Olha, o cabrão do "X"!!
- Eis se não é o paneleiro do "Y"!!

E por aí fora. Paremos por aqui antes que comece a choramingar.

Chega então o momento da verdade. Eu procuro pela suposta nova aquisição do primo "X", mas à minha frente só está a tal jovem mencionada em cima. Não, não podia ser...Qualquer coisa me estava a escapar, com certeza.

"-Ah..." , diz o primo "X","...esta é a "Z"...

Bingo. Nem mais. Era ela, "a tal". Não vou dizer "The One", porque isso já seria atentado ao pudor. O putanheiro do meu primo andava então a "sair" com uma jovem que conhecera num bar da especialidade.

Fomos jantar, os quatro, ali para as bandas do Parque das Nações. O restaurante, brasileiro, para que a nossa cara conviva se sintisse em casa.

Eu que até sou um indivíduo particularmente sensível e compreensivo com a típica "conversa de gaja", fiquei particularmente deleitado com a palestra da jovem sobre astrologia. Feitas as contas era aquariana, e há muita coisa para dizer sobre os aquarianos. Muita, e extremamente interessante.

Quando os "pombinhos" se ausentaram para lavar as mãos (espero que tenha sido mesmo para isso) inquiri o restante interlocutor sobre a natureza curiosa daquela bonita relação.

"-Sim, conheceu-a num bar de alterne", confirmou-me sacudindo os ombros.

"Fofinha" para aqui, "Fofinha" para ali. E um "caralho" ocasional, para temperar. Que não faz senão mal para apimentar uma amena cavaqueira. Quando a jovem se ausentou para ir aos lavabos, o "Fofinha" transformou-se num sonoro "esta puta" enquanto o diabo esfrega um olho. A extraordinária metamorfose aconteceu mais uma vez: "Então, Fofinha", demoraste tanto...?"

Durante o jantar a jovem atende para cima de meia dúzia de chamadas. Curiosamente, todas de homens. O meu primo pagou o jantar à rapariga, claro está. E segundo me foi dado a conhecer, o mesmo tem acontecido com grande frequência.

Menos mal: a picanha estava uma maravilha.

Já de regresso ao carro, o telemóvel da jovem tocou mais uma ver. Pasme-se, era outro gajo...!!! O meu primo passeava então a rosa que oferecera, prova do seu romantismo inquestionável. Os seguintes 20 minutos foram algo de particularmente delicioso: o meu primo ponderava as várias possíveis utilizações a dar ao "caralho da rosa", enquanto a sua "amada" ia animadamente dando música ao telefone.

Eu lá fui para o parque buscar o carro, e sei que a chamada continuou. Até quando, não sei. E pronto, foi assim que passei uma parte do feriado. Religioso, por sinal.

domingo, dezembro 04, 2005

IT´S A KIND OF MAGIC...

Dizia-me uma querida amiga que "Não interessa o tamanho da varinha, mas sim a sua magia".
Ora bolas! Quer dizer que de nada me vale carregar na virilha esta desmesuradamente avantajada dádiva celeste, mesmo considerando o padrão africano.

Vou ter que falar com o Luis de Matos, sendo assim.

domingo, novembro 27, 2005

Volta, amigo Mengele, estás perdoado...

Ontem à noite houve jantarada do trabalho, estando presentes dignos membros do corpo expedicionário à já lendária Punhete. Mas isso agora não interessa. Essencialmente, atiraram-me às trombas o facto de andar a desmazelar vergonhosamente a minha actividade publicista. E com razão, diga-se, pelo que resolvi fazer qualquer coisa quanto a isso.

Por obra do acaso, dei por mim a mirar uma ficha de trabalho de Biologia do 12º ano, coisas do meu irmão mais novo (o famoso "Fofinho", já referido em postada anterior). Sucede que a referida ficha tratava da problemática dos genes, cruzamentos e coisas do género. Leigo que sou, dei por mim a adivinhar sobre a resposta a uma ou duas das questões ali aventadas.

Havia ali uma desconfortável pontinha de eugenia recalcada, nas perguntas que inquiriam sobre o resultado do cruzamento entre "mulher portadora de hemofilia e sem raquitismo casar com um homem não hemofílico mas com raquitismo, que probabilidade têm de vir a ter?

- filhas com raquitismo vitamínico-resistente, mas não hemofílicas
- filhas com raquitismo vitamínico-resistente, e hemofílicas
- filhas normais para as duas características
- filhos com raquitismo vitamínico-resistente, e hemofílicos
- filhos sem raquitismo vitamínico-resistente, e hemofílicos
- filhos normais para as duas características

Não faço ideia. Acho que era melhor mas é adoptarem um cachopo ou dois e ponto final.

Resolvi então procurar um problema um pouquinho mais simples. Afinal de contas, não é preciso saber muito da matéria que se tem em mãos: basta saber contornar o problema e evitar qualquer espécie de objectividade na resposta. Aprendi isso com o engenheiro Guterres há algumas legislaturas atrás.

Isto vai lá com um bocadinho de bom senso e uma pitada de intuição masculina, pensei eu. Não pode ser assim tão difícil. Vejamos:

"Se cruzássemos rabanetes ovais com rabanetes redondos, qual seria a proporção fenotípica esperada na descendência?"

R: Isso não interessa nada. O distinto rabanete oval é por demais mal empregue para qualquer flausina redonda e roliça, como toda a gente sabe. Esse tal do fenótipo que meta o rabanete redondo...

quarta-feira, outubro 26, 2005

GET A GRIPE...

Descobri recentemente que a Alemanha é o país da Europa onde existe menos actividade do foro horizontal: então não é que pelo simples afogar de meia dúzia de gansos numa terreola qualquer, isso salta logo para as primeiras páginas, como se fosse o fim do mundo..??!!

Volta, Tomás, estás perdoado.

quarta-feira, outubro 19, 2005

ZAROLHO, DEPOIS DE PUNHETE...

Sábado passado rumei a Constância, integrado num grupo excursionista lá do trabalho.
Uma das referências da simpática vila é a ligação a Camões, onde, rezam as trovas, se perdeu de amores por uma cachopa lá da terra. Até aqui, nada de mais: o gajo inventava uma nova paixão de cada vez que ia mijar. Tudo bem, é pacífico.
Já não me lembro do nome da jovem, o que interessa é que a coisa deu azo a versalhada camoniana e afins, ligando eternamente aquelas paragens ao nosso zarolho de estimação.
Inscritas na estátua do Poeta, com uma agradável vista para o rio, podem ler-se uma catrefada de datas marcantes da sua biografia e da história da vila. Pois então, toca de ler aquilo com grande atenção, até porque estava a decorrer um jogo com pistas e perguntas, pelo que convinha não perder o fio à meada.
Sucedeu no entanto que, no meio de tanta preciosa informação, houve uma jóia reluzente que saltou à vista dos meus doutos companheiros de jornada: Constância, outrora Punhete.
Sim, isso mesmo que estão a ler: até 1836 era esse o nome da terra.
A partir daí, o bucólico banho cultural descambou completamente num furioso tornado de piadas e trocadilhos temáticos: passámos pelo "Punhete F.C", pela Associação dos Caçadores Punheteiros, pela escola de samba "Unidos de Punhete", ou mesmo pelo grupo de apoio social local "Dá a Mão a Punhete!"...
Pois é, caro leitor, não terá sido no Oriente que o Poeta cegou o olho: foi à beira-tejo, num trágico acidente, a escamar o besugo. Zarolho, só depois de Punhete.

segunda-feira, outubro 17, 2005

POR FALAR EM IDIOTICE...

Depois daquela do "Envia exta sms para 10 amigos 91", eis senão quando sou assediado por mais uma pérola do mesmo calibre, desta feita por e-mail.
Sucede que sou diariamente bombardeado com um mail onde aparece uma infeliz criança queimada onde, pasme-se, por cada Fw: daquela tanga reverteriam 3 cêntimos para ajudar a pobre criatura.
O mais grave é que a grande maioria dos meus amigos que mandam isto chega a ter mais que a 4º classe! Dá para acreditar...?
Os meus contactos já deviam saber o tratamento que dou a toda e qualquer corrente, particularmente se incluir cãezinhos ou gatinhos: lixo com ela.
Lixo, não: eu reciclo. Sou um gajo amigo do ambiente.

sexta-feira, outubro 14, 2005

PROBLEMAS DE "MOTOR"...

Lê-se hoje na secção "Desporto" do www.portugalmail.pt:

"Tiago Monteiro pode receber motor novo"

Esta notícia encheu de alegria a sua namorada, já agastada com a sucessão de "corridas interrompidas" lá por casa...

quinta-feira, outubro 13, 2005

ENVIA ESTA IDIOTICE PARA 10 AMIGOS...

A minha afilhada enviou-me hoje esta mensagem escrita para o telemóvel:

"Envia exta SMS para 10 amigos 91 e ganha 10:00"

Quatro breves notas:

- a minha afilhada tem mais de 7 anos de idade; na verdade, tem quase 30, pois é afilhada de casamento

- a pita que criou esta corrente nem se deu ao trabalho de escrever "esta" como deve ser, para, pelo menos, tentar dar alguma credibilidade à coisa

- "ganha 10:00"...? Bem, para um gajo à espera da chamada milagrosa no "corredor da morte", até é capaz de dar jeito...

- as pessoas que vão nesta cantiga também acreditam que o Bibi está inocente, que a Fátima Felgueiras vai ser canonizada e que o Castelo Branco mija de pé

quarta-feira, outubro 12, 2005

DIA DE CÃO...

Hoje foi um daqueles dias, um desses que aparece no dicionário como frontispício da definição de "dia de bosta". Mas isso fica para outra jornada.
Estava eu a queixar-me da arbitrariedade errática do Cosmos (em geral) e das miúdas (em particular) quando me deparei com a lista de pesquisas que me vieram calhar ao "Park" nos últimos dias. Pus-me então a pensar no perfil das aves raras que, efectivamente, quiseram procurar informação sobre aqueles temas. Vejamos:


- "tony carreira gay" (paneleiro à caça)
- "como tirar calosidades dos pés" (não quero comentar)
- "letras da Tonicha" (saudosistas dos loucos anos eitis)
- "tudo sobre o burro mirandês" (paneleiro à procura de caça grossa)
- "a vida de tony carreira" (mulher com bigode farfalhudo e acesso à Net)
- "rede tuning" (bimbo clássico)
- "subaru picanços" (bimbo que almeja subir na hierarquia)
- "corridas+picanços" (bimbo clássico sem grandes ambições)
- "como acontece o acasalamento de cobras" (fetichista exótico)
- "Batatoon porrada" (amigo do peito do fetichista exótico)


Já me sinto muito melhor.

domingo, outubro 09, 2005

NADA DE NOVO NA FRENTE SETENTRIONAL...

Vi hoje no "2010" uma reportagem sobre os "World Cyber Games", a decorrer no Estádio do Dragão. Uma competição à séria, com o fim de apurar os representantes portugueses para o circuito mundial dessa espécie de jogos.
Uma das atracções foi um "macho-alfa" sueco, que, rezam as crónicas, nunca foi batido num jogo qualquer que é a sua especialidade. Uma coisa importante, obviamente.
Ao mesmo tempo, no mesmo local, com os mesmos indivíduos, a organização esforçou-se por reunir gente suficiente para tentar bater um recorde do Guiness, na categoria "Maior Concentração de Punheteiros Adeptos do Futebol Clube do Porto por Metro Quadrado".
Foi por uma nesga. Raisparta...Tentam outra vez na próxima jornada, contra o Glorioso, já com o estádio cheio.

domingo, outubro 02, 2005

GOSTO DA PUBLICIDADE COMO ELA DEVE SER...

Na minha humilde opinião, a publicidade da TMN nunca foi grande coisa.
Como exemplo acabado, anúncio do "Mimo" sempre me suscitou uma grande vontade de pontapear aquela personagem ridícula da camisolita azul e branca, muito mais do que levar-me a adquirir "tijolo" que era o telemóvel típico naquela altura.
A coisa não melhorou com o tempo, infelizmente.
Recordo-me mais recentemente de um dos anúncios mais estúpidos da história da publicidade: "Maré de preços baixos", onde um mergulhador completamente artilhado passeava alegremente com a água pelos tornozelos. De levar às lágrimas.
Safou-se a penúltima campanha com o gajo da rasta. Giro, esse.
Agora, esta miserável campanha por trás da mudança de imagem...Dasse!!!
Achei um bocado estranho quando vi todos os jornais do dia com a capa azul. "Deve ser o "Dia Mundial de Qualquer Coisa", pensei cá para comigo. Quando o assunto veio à baila na hora do café, um colega lá fez o favor de esclarecer esta alma ignorante, explicando-me que era a nova imagem da TMN: um "T" foleiro a, presumivelmente, fazer lembrar uma figura humana de braços abertos. Fraquinho!!! O fundo "azul-Barclays" não tem nada de original e o "Têzito" faz lembrar aquele primeiro projecto do logo para o Euro, que demorou cerca de três minutos a criar...
Que raio de ideia foi essa do "Gostamos da vida como ela é"? Não gostamos nada, pôrra!!! Eu não quero ir para o trabalho e ver todos os dias um gajo qualquer de calças pelos tornozelos, a arrear o calhau: "Gostamos de comida indiana"!!! Que raio de ideia foi esta!!!????
Outra pérola é esse do "Gostamos de fotos desfocadas": basicamente, mostra um par de matrafonas (pesando 10 arrobas/cada) divertindo-se à grande enquanto dão um pézinho de dança. Então, pá!!!?? Tá tudo parvo, ou quê???!!! E as miúdas giras, que é delas!!!

Concludindo, para ver mulheres gordas e malfeitonas, já tenho a vida real. Não preciso que a TMN as exiba sem pudor nas paragens de autocarro.


domingo, julho 17, 2005

"OH CAPTAIN, MY CAPTAIN"...

Numa destas noites de passeio pela capital, dei comigo e com o resto da comitiva a analisar mais um capítulo da "Guerra dos Cartazes" lisboeta. Neste episódio particular, o Capitão Luke Carmona diz-nos que vai deitar "Mãos à obra", de manga direita arregaçada e olhar de homem decidido a agir, como se de um anúncio a "after-shave" se tratasse.

"Mãos à obra", mas para fazer o quê? A peculiar pose do edil só levanta três hipóteses:

a) vai enfrentar o Lado Esquerdo da Força com o próprio punho
a) vai ajudar uma vaca a parir
b) vai doar meia dúzia de gotas do seu património genético a um Banco da especialidade.


Seja como for, é de homem.

Beijos para a fiel leitora M.S., companheira nesta e noutras tantas reflexões importantes.

terça-feira, julho 12, 2005

ADULTOS À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS...

Não há nada mais arreliante que um passatempo. Que o diga o meu amigo "Joel". Chamemos-lhe "Joel", para não ser identificado na rua, ok?

Aconteceu que no cafézinho pós-almoço dominical foram lançados para a mesa meia dúzia de enigmas numéricos, desses de fazer torrar a paciência a, quem como eu, tem a capacidade para raciocínio abstracto de um siamês. Dos mais lerdos.

O problema consistia no seguinte:
Temos nove bolas em jogo, sendo que uma delas é mais pesada que todas as restantes. Podemos fazer duas pesagens (numa balança à antiga, com dois pratos). Qual é a mais pesada?

Sem mais demoras, a solução passa por dividirmos as bolas em TRÊS grupos de TRÊS bolas e começar a partir daí, três a três na primeira pesagem.

O meu amigo "Joel" (por sinal, ilustre professor universitário) deitou logo mente à obra e avançou sem temor para o primeiro obstáculo:

"-Isto é muito simples" - afirmou com a convicção e autoridade próprias de um soldado da GNR de Albufeira a entrar na adega de um empreiteiro.
"Pomos QUATRO num prato e QUATRO no outro e sobra uma" - continuou. "Se os pratos estiverem equilibrados, a que ficou de fora é a mais pesada, obviamente."

Pois...até aqui, todos de acordo. A história continua. O nosso "Joel" vai entretanto articulando raciocínios cada vez mais elaborados:

"Estamos perante um logaritmo de base 2" -continuou maravilhando as massas boquiabertas. "Isto seria verdade, se estivéssemos a trabalhar com linguagem binária" - acrescentou ainda com inequívoca propriedade.

Porém, como peixe apanhado na rede, o seu esforço é vão. Debate-se furiosamente na malha do seu raciocínio, como se de um tubarão encurralado se tratasse. Tentou,
à desgarrada, bombardear o problema com quilos de teoremas, corolários e axiomas, como se de uma Amália regressada do Além se tratasse, inexplicavelmente possuída por uma vontade louca de fazer contas de cabeça.

A coisa foi-se arrastando, de forma agonizante, até que um dos intervenientes ventilou acidentalmente a resposta, dando por terminada a querela. Mas a coisa não ficou por aqui. Seguiu-se outro problem, sucedendo que o nosso herói resolveu embirrar com o enunciado do problema, desta feita exigindo uma clarificação sobre o significado do verbo "mexer".

Depois de meia dúzia de tentativas de resolução, exclama já com o rosto já rubro:

"-Tens a certeza que o enunciado está bem?
Isto não pode ser assim!". Mas podia. E era.

No seguimento deste episódio, fecho a postada com uma tira do "Calvin": acampando com a família nas férias, o jovem passa todo o dia a arreliar os pais com questões irrelevantes, enquanto estes tentam, em vão, pintar um quadro, ou, simplesmente, ler o jornal em paz e sossego.

"-Desaparece, Calvin!!" - vocifera a mãe, já completamente farta das interrupções constantes.

Conclui o jovem no alto da sua sabedoria:

"Os passatempos deixam os adultos muito nervosos".

Está visto que é verdade.







domingo, julho 03, 2005

MUITA PARRA, POUCA UVA...

Aproveitando a minha inesperada visita ao consultório, a médica de família aproveitou para me mandar testar todos e mais alguns dos mais longínquos recantos do corpo. Quer dizer, todos, não: há por aí mundos remotos onde não tem nada que entrar sonda, seja espacial, ou de outro tipo qualquer...

Em abono da verdade, já não metia lá os pés fazia um certo tempo. Falámos de tudo e mais alguma coisa que se passou neste longo interregno: a queda do Muro de Berlim, o tempo em que o Herman tinha piada e ainda se esforçava por disfarçar a panasquice, a barba do Jorge Coelho, etc, etc, etc... Enfim, coisas que já lá vão.

Abandonei o consultório munido de duas resmas de papel verde-e-branco. Estavam ali acotoveladas credenciais que me permitiam saber novas dos meus colesteróis, verificar a minha reacção à não-sei-quantos-tropina e adquirir parcelas de terreno em Marte a preços módicos.

A meio destes Doze Trabalhos, saiu-me na rifa o mítico Electrocardiograma.

Nunca me tinha sujeitado a semelhante coisa, pelo que a expectativa era grande. Já me estava a ver rodeado de coisas obscuras como um "monitor de sinais vitais", ecrãs LCD nas paredes com fios de várias cores e feitios. Esmagado pelo manancial tecnológico disposto na sala, seria então ligado dos pés à cabeça com eléctrodos e seguidamente amarrado por duas enfermeiras nórdicas insaciáveis que...´pera lá, já estou a misturar as histórias, é o que é.

Estava eu a dizer que imaginava uma enfermeira, que, num tom de voz quente e meigo, fazia os possíveis para me acalmar e preparar para uma experiência capaz de fazer tremer qualquer marujo de barba rija.

Isso imaginava eu. Eis o que realmente aconteceu:

Uma senhora bestialmente apessoada (coisa aí para 10 arrobas, mais ou menos) e mal encarada fez-me meia dúzia de perguntas, mandou-me despir da cintura para cima e deitar-me numa marquesa, de peito virado para o tecto. Espetou-me meia dúzia de ventosas embebidas em gel pelo peito acima, pôs-me uma espécie de molas da roupa XL nos pés e...acabou. Passados 30 segundos, a nossa relação terminou.

"-Tem papel na mesa, se quiser limpar isso..." - disse ela sem pontinha de sentimento na voz.

Levantei-me, limpei a substância viscosa que me besuntava o torso e vesti timidamente o farrapito que havia trazido. Apercebi-me que fora apenas mais um naquela marquesa. E nem sequer um beijo levei.

A vida segue dentro de momentos.

quarta-feira, junho 29, 2005

CUIDADO, CASIMIRO, CUIDADO COM AS IMITAÇÕES…

Fiz nestes dias uma incursão nocturna pelas Docas. Miserável, o ratio “Nº de Miúda Giras / Total de Miúdas”. A culpa é das americanas gordas, dão cabo da mais bem intencionada média aritmética…

Enfim, lamuriava-me eu aos céus em triste ladaínha, pesaroso pela minha pouca sorte. Muito pouca, mesmo, até porque toda a gente a sabe o que acontece às vozes de burro que apontam ao alto. Adiante.

De súbito, algo inesperado aconteceu: vi a Princesa Diana. Tinha de ser ela: a tiara inconfundível ofuscava como um farol na cinzentona noite lisboeta, carregada de ingleses enresinados e brasileiras daquele género que deixam um gajo na dúvida, se é suposto pagar, ou não.


Não me atrevi a dirigir-lhe a palavra, como essa gorda repelente que se despe nos programas do Herman e que é a verdadeira causa de impotência sexual entre os homens portugueses. Nada disso. Ainda de olhos semi-cerrados pela luz ofuscante, resolvi ganhar coragem e aproximar-me lentamente.

“Estarei doido? Estarei ébrio? Serei parvo…?” – pensei para os meus botões. "Muito provavelmente, um bocadinho de cada."

Tinha que lhe tocar. Tinha que ser. Senti-me como mosca esvoaçando alegremente rumo à electrocussão iminente, inebriada pelo azul desses grelhadores de insectos que habitam os tectos dos cafés. A LUZ!!! A LUZ!!! Aquela luz inebriante clamava por mim: “Toca-me!! Leva-me!!!” Senti um arrepio na espinha, à medida que passava os dedos por aquele estranho objecto. Que sensação indefinível: parecia...plástico...?

Po fim, o feitiço quebrou-se: envolvendo o enigmático adorno estava um quarteirão de luzinhas “à bimbo”, típicas da noite lisboeta. O “quefrô” que a tinha na cabeça olhou para mim desconfiado, como quem diz:

“-Será que este paneleiro me vai apenas apalpar, ou sempre compra a merda da tiara…?”

domingo, junho 19, 2005

O "RECORD" ATACA DE NOVO...

Informa o jornal desportivo na sua capa de hoje:

"Nuno Assis e Carina casaram-se ontem"; "Hugo Almeida e Postiga também deram o nó"

É Primavera...Parabéns aos noivos!!!



quinta-feira, junho 16, 2005

SIZE MATTERS...

O "Record" noticia hoje em manchete:

"Koeman quer matulões"

Enfim, são gostos. Há que respeitar.

segunda-feira, junho 13, 2005

NÃO HAVIA NECESSIDADE...

D. António Marcelino, Bispo de Aveiro, abre-se ao "Correio da Manhã" (secção "Sociedade" 13/06/05):

"Sou um activo apaixonado"

Muito bem. Bonito. Enternecedor. O que importa mesmo é o empenho e a vontade com que fazemos as coisas. Mesmo quando custa um bocadinho.

sábado, junho 11, 2005

SANTIAGO E ESPADALHÃO

Inspirei-me nas 59 condecorações entregues pelo Presidente Sampaio e resolvi seguir-lhe o exemplo. Aqui ficam os "Prémios do Parque - 10 de Junho de 2005", baseados na secção "Convívio" dos Classificados do "Correio da Manhã":


Prémio "Fontes de Energia Alternativa"

Travesti Blenia Algés 23 anos, Turbinada, novidade. Completa, desinibida. Tm:969286699


Prémio "Maior número de anglicismos relacionados com putedo no espaço de duas linhas"

· Domina!!! Bondage/ Footfitche/ Tranformismo/ Dogtraining/ Facesitting/ Trampling +Submissa!!! http://mestraadriana.tripod.com, 96-3553742


Prémio "Maior Aldrabão de Todos os Tempos"

Homem, 39 anos, virgem. Desloco-me durante o dia, a partir das 21 recebo em casa.


Prémio "Fetichismo muito específico"

Hyundai H1 com contentor ano 09/2001 È962656506


Prémio "Mensagem lamechas, dessas que passam em rodapé na Praça da Alegria"

· IC 19... Sou mulher... liga-me... não te arrependerás... Tm.96-4805485



Vá lá, dá-lhe uma oportunidade, caro amigo IC19. Ela ama-te.

terça-feira, junho 07, 2005

"Não, não, eu é que gosto mais..."


Tenho cá por casa um "Fofinho". "Tá bem, pá. E o que é lá isso? É uma cena gay...?" - pergunta o caro leitor com comprensível preocupação. Nada disso, um "Fofinho" é apenas um adolescente cobardemente atraiçoado pelos efeitos da Primavera.

Esta peculiar criatura vive num habitat muito específico, limitado-se a calcorrear nervosamente um círculo com centro no telefone do agregado familiar e diâmetro de cerca de 2 metros.

Animal governado por instintos básicos, desenvolveu o curioso reflexo de fechar a porta da cozinha, sempre que ouve tocar a sineta do telefone. Inesperadamente, ocorre uma estranha metamorfose: o "Fofinho" passa de borboleta pairadora para falcão assassino, despenhando-se sobre o aparelho como se não houvesse amanhã.

Ocorre então outro fenómeno nada menos extraordinário: um mastodonte com 1,80 m, bigode farfalhudo e quatro palmos entre ombros é brutalmente atacado por uma estranha virose, cambiando o seu normal tom de voz para um registo desmesuradamente enrabichado, desses que faria o Castelo Branco parecer um trolha de Famalicão, acabadinho de frequentar o putedo local.

Este "colibri de sala de estar" não necessita de comer, na vulgar acepção da palavra: ele alimenta-se de "carinhos fofinhos", "beijinhos repenicados", "miminhos apertadinhos" e todos os demais subprodutos eventualmente suportados pela linha telefónica.

A linguagem usada por este mamífero é qualquer coisa de extremamente rudimentar, recorrendo sumariamente a três expressões-chave ("Não", "Eu é que gosto mais!" e "Fofinha") que vai usando e recombinando ciclicamente: "Eu é que gosto mais!", "Não, eu é que gosto mais!!", "Não, não , não, eu é que gosto mais!!!" ou mesmo "Não, não, não, não, não! Fofinha, eu é que gosto mais!!!!".

E pronto, foi o "Momento Discovery" cá do Parque.

segunda-feira, junho 06, 2005

Anões, bidés e outras histórias do arco da velha

Anões

Ultimamente, têm-me acontecido as coisas mais incríveis. Ainda assim, não estava convenientemente preparado para o que me esperava ao virar da esquina, perto do gulag onde trabalho. Portugueses e portuguesas: um jantar de anões. Nem mais, nem menos, um simpático jantar/confraternização, daqueles a fazer lembrar o convívio anual das Panteras Sanguinárias do Alto Manhongo, só que sem a parte dos traumas de guerra e das tatuagens com juras de amor eterno, à mãezinha ou à doce Lucinda na distante Vila Nova de Cerveira.

Visto de fora, pelo menos, a coisa parecia animada. E ainda bem. A malta de todos os tamanhos tem que se reproduzir. Olhei alguns segundos para aquele fenómeno e pus-me a andar, tentando não dar muita bandeira. Já dentro do veículo, comecei então a digerir aquele insólito episódio.

Na verdade, segundo as regras do politicamente correcto, não parece nada bem gozar com estas coisas. Porque sou um gajo educado, resolvi precaver o leitor para certo tipo de frases "assassinas" que certamente o porão na lista negra de entidades como a "Sociedade dos Amigos das Pessoas a Baixa Altitude", forrada do chão até ao tecto com posters da idade de ouro do Pequeno Saúl, isto é, quando ainda era pequeno. Entre os mais desagradáveis conversation-stoppers, destaco as seguintes pérolas:

"-Tudo em cima?"

"-Então, como é isso de ter 30 anos e vestir-se na Cenoura?"

"-Faltou-te um bocadinho assim..."

E depois não venham cá dizer que o Parque só serve para gozar. Está provado que me preocupo com as minorias. "Minorias" é, realmente, um termo muito apropriado.

Bidés

Outra coisa muito mais importante que estas palermices: parabéns ao amigo Bidé, que esteve ontem a apresentar as suas "Leituras de casa de banho" na Feira do Livro. A não perder, na FNAC.

Outras histórias do arco da velha

Ficam para a próxima postada, num Parque perto de si.

domingo, fevereiro 27, 2005

OLHAR BEM PENETRANTE

Voltando a Imprimatur -O Segredo do Papa, segue o segundo e último simpático excerto. Nesta breve passagem, vamos encontrar o aprendiz de estalajadeiro em amena cavaqueira com o abade Atto Melani, este último desancando forte e feio na imagem até então impoluta da Rainha de França:

“-Monacal? –disse Atto, por fim – Eu não usaria esse termo – retorquiu manhosamente. E explicou-me que Devizé me tinha descrito um quadro talvez demasiado imaculado da defunta Rainha de França. Em Versalhes, ainda era possível encontrar uma jovem rapariga mulata, que se assemelhava curiosamente ao Delfim. A explicação de tal prodígio remontava a vinte anos atrás, quando os Embaixadores de um Estado Africano tinham ficado alojados na Corte. Para manifestar a sua devoção à consorte de Luís XIV, os Embaixadores tinham doado à Rainha um pajem preto de nome Nabo.

Alguns meses mais tarde, em 1644, Maria Teresa deu à luz uma menina forte e graciosa de pele preta. Assim que se deu o prodígio, Félix o cirurgião real, jurou ao Rei que a cor da recém-nascida era um inconveniente transitório, devido à congestão do parto. Com o passar dos dias, porém, a pele da menina não ficou mais clara. O cirurgião real disse então que talvez os olhares demasiado insistentes de algum preto da corte tivessem danificado a gravidez da Rainha. «Um olhar» replicara o Rei. «Deve ter sido bem penetrante!»

sábado, fevereiro 05, 2005

CANAL HISTÓRIA

"Canal História: desde o passado mais remoto, até ontem à tarde".

Quem é que inventou este slogan ...?



domingo, janeiro 30, 2005

TIRO NO PÉ

Foi com grande espanto que vi um dos últimos outdoors do PSD, mostrando o Primeiro-Ministro com o fato-macaco de presidente do partido. Ao lado do cavalheiro, os seguintes dizeres:

"Este sim, sabe quem é!"

Pois, o problema é que a malta sabe mesmo. Ainda assim, escusavam de se dar ao trabalho de o relembrar. Não havia necessidade, como diria o saudoso Diácono Remédios.

sábado, janeiro 22, 2005

Dos ratos, da peste e da ciência moderna…

Tenho andado entretido com os livros que me ofereceram no Natal, fiéis companheiros na minha diária peregrinação Mem Martins-Entrecampos-Anjos-e-volta-pelo-mesmo-caminho. Todos eles "best seller", fábulas em volta de supostos segredos do Vaticano, conspirações, sociedades secretas e a vida sexual do Alexandre Frota*. Enfim, o trivial, não é verdade?
Pois bem, depois de despachar o "Código da Vinci" resolvi então passar ao segundo round: "Imprimatur - O Segredo do Papa". A coisa passa-se na Itália (ou projecto dela) de 1683, numa simpática estalagem onde anda tudo a morrer de peste, veneno, doenças venéreas, etc. Depois de soar o pretenso alarme da peste, a bófia local (os homens do bargello) tratou rapidamente de emparedar os pensioneiros até a coisa acalmar. Que é como quem diz, morram todos aí dentro, que não fazem falta nenhuma cá fora. E por cá ainda se queixam da prisão preventiva, vá-se lá saber...
Entre as pitorescas personagens da pensão, o diálogo que vou passar a citar tem lugar entre Cristofano (o médico de Siena) e o estalajadeiro-aprendiz, um jovem que tem o sonho de vir a ser gazeteiro e como bónus, comer desalmadamente Cloridia, a cortesã (ou a puta lá do sítio, se preferirem) que foi apanhada no meio da trama. Depois de avistarem uma miríade de ratos mortos esvaídos em sangue no chão, o médico exibe com doçura paternal toda a sua irrefutável sapiência nos seguintes termos:

"(...) - Meu pobre rapaz, os ratos são os primeiros empestados. Hipócrates recomendava que não se lhes tocasse e do mesmo parecer foram Aristóteles, Plínio e Avicena. O geógrafo Estrabão refere que, no período romano, era bem conhecido o funesto significado do aparecimento nas ruas de ratos doentes, antecipando uma epidemia, e recorda que em Itália e Espanha eram dados prémios a quem matasse o maior número. No Antigo Testamento, os Filisteus, atormentados por um ferocíssima pestilência que afligia as partes traseiras, fazendo sair pelo ânus os intestinos putrefactos, notaram que os campos e as aldeias tinham sido invadidos por ratos. Interrogaram, então, os adivinhos e os sacerdotes, que responderam que os ratos tinham devastado a terra e era necessário ofertar ao Deus de Israel, para lhe placar o desprezo, um ex-voto com o desenho de ânus e de ratos. O próprio Apolo, divindade que causava a peste, quando se sentia irada e que atirava quando se acalmava, era chamado na Grécia, Esminteu, ou seja, matador de ratos. E, com efeito, na Ilíada, é Apolo Esminteu quem trucida com a peste os Aqueus que sitiam Tróia. E também Esculápio, durante as epidemias de peste, era represntado com um rato morto a seus pés.
- Mas, então os ratos provocam a peste! - exclamei pensando horrorizado nos ratos mortos que tinha visto na noite anterior nos subterrâneos.
- Calma rapaz. Não foi isso que eu disse. Aquilo que te acabo de expôr são apenas convicções dos antigos. Felizmente, estamos em 1683 e a moderna ciência médica fez enormes progressos. A vil ratazana não provoca a peste, que pelo contrário...como já tive ocasião de te dizer, é causada pela corrupção dos humores naturais, e, primeiramente, pela ira do Senhor Deus.*"

E então, o que é que vos suscita esta pérola? Na próxima postada há mais um delicioso trecho de "Imprimatur - o Segredo do Papa". Com o meu ritmo de postagem, deve ser lá para a Páscoa, pouco menos...

* É mentira essa do livro do Frota: comprei-o beeeem depois do Natal.
**O negrito fui eu que fiz, e não o senhor que escreveu o livro.

quinta-feira, janeiro 06, 2005

Tributo a "Xão & Costa"

Tenho recebido amiúde um e-mail mariconço sobre a nostalgia dos anos 80, a falar de uma porrada de picolhices avulsas. O "Marco" que se lixe e vá mas é pastar mais o macaco. Tenha cuidado, porém, porque já diz o povo em toda a sua sabedoria: "A brincar, a brincar, foi o macaco..." Olha, fiz uma rima. Assim sendo, apeteceu-me ripostar com a minha versão dos anos 80. Uma pequena amostra, neste caso.
Há qualquer coisa de muito zen no comércio tradicional. Será o enigmático buço da proprietária? Será o caleidoscópio cambiante das nódoas na bata? Enfim, é uma aventura em cada esquina, isso é que é.
Mas hoje quero que vá pastar o joio do comércio tradicional (e aproveite, leve o Marco e o macaquito atrás), porque esta missiva pretende prestar especificamente homenagem à Meca do pronto-a-vestir dos subúrbios, a Jerusalém dos "jogos de cama", senhoras e senhores: "São&Costa".
Na verdade, muito antes de sonhar sequer com o glamour próprio da Zara do Cascaishopping, aacontece que fui desde tenra idade peregrino do verdadeiro santuário do prêt-a-porter , essa enigmática Compostela dos textêis do Vale do Ave que é a nossa "São&Costa".
Mais do que um simples estabelecimento comercial, "São&Costa" é um estado de espírito. Resulta neste caso concreto que esse tal espírito se lembrou de incorporar uma simpática e patusca quitanda do têxtil, onde a minha santa mãezinha tratava de vestir os seus dois rebentos (quando era para comprar uma "coisa boa") sempre sob a supervisão atenta da dona da loja, a Dona São. Ou melhor,"Dona Xão", já que a xenhôra fala axim.
Estou a reportar-me aos tempos tenebrosos da roupa que não condizia, onde o rôxo dava bem com o verde e uma imaculada meia branca de renda ficava muito bem a qualquer criancinha em idade escolar. E quando não ficava bem, a mãe tratava de lhe explicar que ficava mesmo. Caso ela concordasse, ou não. Estávamos pois na Idade Média do vestuário, chamemos-lhe assim.
Sucede pois que a dona da loja tinha uma espécie de lema que saltava como uma mola, sempre que eu (ou o outro pouco afortunado irmão) experimentávamos uma pecita de roupa:

-"Ai, dona Xão, ichto beste tõe bem..." (a minha mãe também é São)

Invariavelmente, o comentário era este. Para aquela santa senhora, tanto fazia que se tratasse de uma camisa como um par de cuecas "à velha": qualquer trapinho ficava aquelas martirizadas crianças. E enquanto nos submetíamos à prova da indumentária, tratávamos de apreciar com o olhar encantado que é próprio da infância toda aquela profusão de infindáveis galerias de camisas verde/amarelo, calças bordeaux e roupa interior para homem e senhora. Que bonito, pensava eu na minha doce ingenuidade. No entanto, sempre torci o nariz às sinistras embalagens de roupa interior para homem, onde aparecia sempre um marmanjão a coçar os mamilos (ou pior...) numa pose pretensamente sexy, mas que só devia surtir efeito no meio de um chá das 5 na Opus Gay.
Mas o tempo não perdoa e, assim que começou a aparecer um dinheirito, a família foi lentamente votando o espartano estabelecimento ao abandono. A minha mãe ainda deixa escapar um certo saudosismo daquela roupa, mas essa é maleita que acho nem o tempo consegue curar. Aquilo parou no tempo, não renovaram os desenhos, as cores, os cortes. Está condenada a durar até ao fim da anterior geração, porque esta mija-se a rir ao ver a montra.
Mas se for para falar de paragens no tempo, teria que dedicar uma ode inteira aos "Armazéns Gatuxa", a loja onde se veste todo o marciano janota que se preze. Sim, porque aquela roupa não é deste mundo. Não pode.

terça-feira, janeiro 04, 2005

A tragédia, o drama, o horror...

Num desses dias de azáfama consumista pré-natalícia lá acabei por cometer o erro imperdoável da praxe: fui ao Colombo. Isso mesmo. Por esta altura já está o fiel leitor com um sorriso trocista nos lábios, enquanto confidencia aos seus botões: "Colombo? No Natal? Que grande besta!!". E com toda a razão, diga-se. Mas olha, ajoelhei e lá tive de rezar; é como quem diz: esperei feito asno pela última semana e tive que levar com ele. O Colombo. Tudo isto porque nesse tal antro dei de caras com duas almas que -mais ou menos, lá vão aparecendo na televisão: o Adelino Granja e aquela miúda gira do júri dos Ídolos.
A miúda só é gira nos Ídolos. Mal vestida, pouco penteada, sem base, a jovem nem por sombras me levava ao altar. Ah, não. Um decepção, foi o que foi.
Quanto ao senhor Adelino Granja...pasme o caro leitor, mas a criatura é feia, mesmo feia. Quase faria desconfiar que a Odete Santos teve um affairzito com o Emplastro. Ou com o Adamastor. Ou com um abutre, peculiar que é o nariz do senhor.
E pronto, agora vou morder a língua e cair redondo no chão. Bem feito.




Baú