terça-feira, junho 07, 2005

"Não, não, eu é que gosto mais..."


Tenho cá por casa um "Fofinho". "Tá bem, pá. E o que é lá isso? É uma cena gay...?" - pergunta o caro leitor com comprensível preocupação. Nada disso, um "Fofinho" é apenas um adolescente cobardemente atraiçoado pelos efeitos da Primavera.

Esta peculiar criatura vive num habitat muito específico, limitado-se a calcorrear nervosamente um círculo com centro no telefone do agregado familiar e diâmetro de cerca de 2 metros.

Animal governado por instintos básicos, desenvolveu o curioso reflexo de fechar a porta da cozinha, sempre que ouve tocar a sineta do telefone. Inesperadamente, ocorre uma estranha metamorfose: o "Fofinho" passa de borboleta pairadora para falcão assassino, despenhando-se sobre o aparelho como se não houvesse amanhã.

Ocorre então outro fenómeno nada menos extraordinário: um mastodonte com 1,80 m, bigode farfalhudo e quatro palmos entre ombros é brutalmente atacado por uma estranha virose, cambiando o seu normal tom de voz para um registo desmesuradamente enrabichado, desses que faria o Castelo Branco parecer um trolha de Famalicão, acabadinho de frequentar o putedo local.

Este "colibri de sala de estar" não necessita de comer, na vulgar acepção da palavra: ele alimenta-se de "carinhos fofinhos", "beijinhos repenicados", "miminhos apertadinhos" e todos os demais subprodutos eventualmente suportados pela linha telefónica.

A linguagem usada por este mamífero é qualquer coisa de extremamente rudimentar, recorrendo sumariamente a três expressões-chave ("Não", "Eu é que gosto mais!" e "Fofinha") que vai usando e recombinando ciclicamente: "Eu é que gosto mais!", "Não, eu é que gosto mais!!", "Não, não , não, eu é que gosto mais!!!" ou mesmo "Não, não, não, não, não! Fofinha, eu é que gosto mais!!!!".

E pronto, foi o "Momento Discovery" cá do Parque.

Sem comentários:

Baú