sábado, agosto 09, 2003

AS PATILHAS DO SENHOR ENGENHEIRO E OUTRAS HISTÓRIAS
Boas noites, portugueses e portuguesas.
Então não é que vão calar o bico a essa personagem incontornável da televisão portuguesa, o Carlos Pinto Coelho??!!! O homem já fazia televisão antes da chegada dos mamíferos ao planeta e agora querem empurrá-lo da cadeira, como se fosse um Salazarzito da Cultura a precisar de reforma. Querem acabar com o Acontece, vá-se lá saber. Como diria um inflamado (e carregadinho de razão) adepto do Benfica, em relação à demolição da Catedral da Luz: "Qualquer dia deitam abaixo os Jerónimos!!!!". Pois muito bem, isto seria um ultraje tão grande como proibir o Prof. Hermano Saraiva de educar as nossas criancinhas com as suas didácticas estórias de Portugal, num programa mais saturado de teor educacional que as garrafas daquela trampa do Gud. Sim, essa laranjada pastosa. A verdade é que o velhote lá vai impingindo a cassetezita, uma espécie de Testemunha de Jeová a querer vender as virtudes do Portugal antigo. Sim, porque a História morreu a 25/04 (não parece bem falar à boca cheia do 25 de Abril; é coisa de possidónio), depois disso a Terra Média mergulhou nas mais profundas Rubras Trevas, nas mãos dos senhores-comedores-de-criancinhas. Não, não era nenhuma piada sobre a Casa Pia, estava mesmo a falar dos comunistas.
Em abono da verdade, até hoje nunca recuperei do choque que foi o desaparecimento desses dois touros das lides televisivas: Vasco Granja e o Eng. Sousa Veloso.
Que saudades das patilhas esvoaçantes do engenheiro, uma referência incontornável no imaginário infantil. Era chato porque ocupavam uma parte considerável do ecrã, sobrando apenas um nichozito para a cotação dos ovos extra-A, no sobe-e-desce frenético do mercado avícola, esse Dow Jones à moda de Benavente. Dava um jeitaço à criançada saber da altura mais indicada para semear couve-nabo e outros transcendentes filhos do ventre da Mãe-Terra. OHHH!!!! MíLDIO, VOLTA!!! ESTÁS PERDOADO, ESCARAVELHO DA BATATA!!! Ainda me recordo das searas bruxuleantes e do efeito soporífero dos directos da Feira de Gastronomia de Santarém. Enfim, por alguma razão demos numa geração de cromos que falam destas idiotices com um timbrezinho saudosista.
E que dizer da frondosa careca do senhor Granja, uma espécie Taj-Mahalzinho cintilante? Aquele arzinho paternal com que se dirigia à meninada e os óculitos na pontinha do nariz faziam lembrar o Pai Natal, brindando-nos com interessantes e educativos desenhos animados de um qualquer autor polaco, tipo Malkiewicicz, Kostragjilkewicz, ou coisa do género. Aquilo é que era um banho de cultura nas manhãs de fins de semana.
Agora querem dar de comer aos peixes o último dos baladeiros. Tanta gente simpática que nunca mais morre -como o Júlio Isidro, o Nicolau, o Carlos Ribeiro- porque é que não deixam o velhote em paz?
No impuerta (sim, Rita, esta é para ti), toca a bombardear impiedosamente o e-mail da RTP (opiniao@rtp.pt) e chamar nomes aos gajos.
Não deixem morrer a utopia. "E assim acontece".

PS - Já agora, não deixe de contribuir para o fundo humanitário "André nas Maldivas", depositando o seu donativo na conta 01837438295793 da CGD. Não fique indiferente a este drama, abra o seu coração.

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Baú